CRE aprova indicados para OEA e para embaixadas do Brasil na Rússia e na Nova Zelândia

Da Agência Senado | 06/07/2021, 17h43

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta terça-feira (6) a indicação do diplomata Otavio Brandelli para a chefia da representação brasileira na Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede  em Washington DC, capital dos EUA. Também foram aprovadas as indicações para chefiar as embaixadas no Brasil na Rússia, Rodrigo Baena Soares, e na Nova Zelândia, Marcos Arbizu de Souza Campos. 

Durante a sabatina, Brandelli, indicado para a OEA, afirmou que o Brasil precisa regularizar suas obrigações financeiras com o órgão, que tem sofrido atrasos constantes. Também entende que o Brasil tem perdido oportunidades de fortalecer laços com dezenas de países da região, ao negligenciar recursos para a cooperação bilateral.

 Na Agência Brasileira de Cooperação [ABC], tínhamos, em 2016, US$ 12 milhões para estas ações. Em 2021, temos US$ 6 milhões. Aí sinto muito, cooperação sem dinheiro, a gente pode ser muito criativo, mas não prospera. Algo a mais deveríamos realizar nesta sinergia, com vistas a ter mais disponibilidade de recursos. Temos que ver a questão dos pagamentos com a OEA também. O Brasil tem suas dívidas com vários organismos lá. Há três organismos principais a pagar: a própria OEA, o IICA [Instituto Interamericano de Cooperação na Agricultura] e temos que pagar a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde]. Ainda não temos problemas, mas dentro de dois anos poderemos ter, inclusive com a perda do poder de deliberação  afirmou.

A informação trouxe indignação ao senador Cid Gomes (PDT-CE). Para ele, o Parlamento precisa se mobilizar visando regularizar totalmente a participação brasileira na OEA.

 É inadmissível que um país como o Brasil fique no cenário internacional como caloteiro. E a gente vê que são contribuições irrisórias, dado nosso Orçamento. A Comissão Mista de Orçamento [CMO] precisa levar em conta estas obrigações internacionais. A Opas por exemplo, tem nos ajudado muito na questão das vacinas  apelou Cid Gomes.

O relator da indicação de Brandelli foi o senador Fernando Collor (Pros-AL), cujo relatório foi lido pelo senador Antonio Anastasia (PSD-MG). Foi ressaltada a larga experiência do diplomata em negociações comerciais envolvendo nações do continente americano. Entre 2015 e 2019 por exemplo, Brandelli foi diretor do Departamento do Mercosul no Itamaraty, quando acumulou o cargo com diversas outras missões diretivas junto ao bloco sul-americano.

Embaixada do Brasil na Rússia

A CRE também aprovou a indicação do diplomata Rodrigo Baena Soares para a chefia da embaixada brasileira em Moscou, na Russia. Durante a sabatina, Baena Soares ressaltou a parceria estratégica estabelecida entre Brasil e Russia desde 2010. O país apoia a integração brasileira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma reivindicação histórica do Itamaraty.

Baena Soares disse que as exportações brasileiras para a Rússia, especialmente de carnes, têm caído nos últimos anos. Parte desta situação, disse o diplomata, vem das sanções que a nação tem sofrido de países ocidentais ricos desde 2014, quando retomou o território a Crimeia. Em resposta a essas sanções, o presidente da Rússia, Vladimir Putin tem buscado estratégias calcadas na substituição de importações. Mas as limitações climáticas da Rússia tornam o país ainda muito dependente da importação de frutas. E esta é uma lacuna que o Brasil pode suprir, avaliou Baena Soares.

A presidente da CRE, Kátia Abreu (PP-TO), pediu que o Itamaraty leve a delegação russa na reunião diplomática bilateral de cúpula prevista para 2021, em data a ser definida, para visitas a regiões brasileiras que são grandes produtoras de frutas. O relator da indicação de Baena Soares, Cid Gomes, pediu que o governo brasileiro passe a dar mais valor ao Brics, bloco de países emergentes do qual o Brasil e a Rússia fazem parte.

 É uma alternativa hoje pouco aproveitada. É fundamental que retornemos ao fortalecimento do Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que respondem aí talvez por mais da metade da população mundial. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) por exemplo, o banco dos Brics, é um órgão que surgiu vocacionado para ser uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional [FMI]. O FMI nunca passou por uma reforma visando contemplar os países emergentes  disse Cid Gomes.

Nova Zelândia

A CRE também aprovou a indicação do diplomata Marcos Arbizu de Souza Campos para a chefia da embaixada brasileira em Wellington, capital da Nova Zelândia. O relator foi o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), o qual lembrou que cerca de 4 mil estudantes brasileiros vivem na Nova Zelandia. Campos também ressaltou os investimentos neozelandeses no Brasil, que já alcançam US$ 1 biilhão. E após fala de Kátia Abreu sobre o potencial econômico deste país, destacou a qualidade de vida da nação da Oceania, com base em diversos índices internacionais.

 A Nova Zelândia é o primeiro país do mundo em termos de facilidade para fazer negócios. É o primeiro país do mundo em termos de baixa percepção de corrupção. É o segundo país do mundo em termos de prosperidade. É também o segundo país do mundo em termos de paz. É o terceiro país do mundo em termos de liberdade econômica. É o quarto país do mundo mais generoso. É o 14º país em termos de Índice de Desenvolvimento Humano [IDH]. É o 21º país do mundo em inovação. Em 2019, era o 21º país em renda per capita  disse Campos.

As indicações de Baena Soares e Arbizu seguem agora ao Plenário do Senado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)