Girão defende apuração de supostas irregularidades em compras do Consórcio Nordeste

Da Rádio Senado | 01/07/2021, 14h56

Em pronunciamento nesta quinta-feira (1), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) pediu que a sociedade acompanhe de perto os trabalhos da CPI da Pandemia, especialmente a sessão desta sexta-feira (2), quando serão votados requerimentos que vão ajudar na apuração de supostas irregularidades na aquisição de respiradores pelo Consórcio Nordeste.

Segundo o senador, a votação desses requerimentos deveria ter ocorrido nesta quarta-feira (30), mas foi adiada para a sexta. A mudança de data, na opinião do senador, mostra a parcialidade de integrantes da CPI, revelada pelo pouco empenho na investigação de fatos relacionados ao mau uso de dinheiro público destinado a estados e municípios para o combate à pandemia.

— São dois nomes chaves: Bruno Dauster e também a senhora Cristiana Prestes, que é a dona da empresa HempCare, que recebeu antecipadamente o dinheiro desse esquema montado, quase R$ 50 milhões, e não entregou os respiradores para o povo nordestino. Então, amanhã [2], a gente quer saber a verdade.

Girão acrescentou que, quando se fala no Consórcio Nordeste, parte dos integrantes da CPI demonstra nervosismo. E é preciso entender o que está "por trás dessa blindagem estranha", acrescentou.

— Esse escândalo, pra mim, é o símbolo nacional de corrupção nessa pandemia. O calote da maconha, porque foram adquiridos de empresa ligada à maconha esses respiradores, que nunca foram entregues. Quantas vidas foram perdidas? Tem gente muito poderosa, repito, junto disso. Essa investigação tem ilações, inclusive, com Araraquara [SP], com outro ex-ministro, porque o Carlos Gabas [secretário-executivo do Consórcio Nordeste] é ex-ministro da [ex-presidente] Dilma (Roussef), e tem outro ex-ministro dessa época também, de governos anteriores, que é o prefeito de Araraquara, que é o Edinho [Silva] — disse.

O senador reclamou também da mudança repentina de pauta da CPI da Pandemia. Segundo ele, nesta quinta-feira estava previsto o depoimento de Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, que falaria sobre as supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Como ele estava munido de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal que o permitia ficar em silêncio, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), antecipou a oitiva de Luiz Paulo Dominguetti, prevista para ocorrer na sexta-feira (2). Representante comercial da Davati Medical Supply, Dominguetti denunciou que integrantes do governo exigiram da empresa o pagamento de propina para adquirir vacinas contra a covid-19.

De acordo com Girão, a mudança na pauta dificulta o trabalho de apuração e o preparo dos senadores para o questionamento dos depoentes.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)