Coronel sobre fake news: ‘vontade de investigar mais profundamente’

Da Redação | 30/04/2020, 16h02

O presidente da comissão parlamentar mista que investiga notícias falsas na internet (CPI das Fake News), senador Angelo Coronel (PSD-BA), elogiou nesta quinta-feira (30) a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a prorrogação das investigações do colegiado por mais 180 dias. Gilmar Mendes rejeitou uma ação apresentada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que pretendia impedir a continuidade dos trabalhos.

— Estamos nas mãos de uma quadrilha digital que ataca reputações e incita manifestações contra instituições, como Congresso Nacional e STF. É uma verdadeira pandemia eletrônica, e precisamos dar um freio nisso. Ainda bem que o ministro não acatou a ação do deputado Eduardo Bolsonaro. Sempre me pergunto porque eles estão com medo. O Eduardo tentou o tempo todo acabar com a CPI. Aí, a gente fica com vontade de investigar mais profundamente, porque algo está por trás. Se não estivesse, não iriam querer acabar [com as investigações] a todo custo — disse Coronel, em entrevista à radio Jovem Pan.

Na decisão da última quarta-feira (29), Gilmar Mendes afirma que os fatos apurados pela CPI “assumem a mais alta relevância para a preservação da nossa ordem constitucional”. “Não à toa, há uma crescente preocupação mundial com os impactos que a disseminação de estratégias de desinformação e de notícias falsas tem provocado sobre os processos eleitorais”, diz o ministro.

Estratégias de desinformação

Na ação, os advogados do deputado Eduardo Bolsonaro disseram haver irregularidades no andamento da CPI. Entre elas, o desrespeito ao foco da linha de investigação definida no requerimento de instalação da comissão. Mas, para o ministro do STF, as investigações do colegiado “são de vital importância para o desvendamento da atuação de verdadeiras quadrilhas organizadas que, por meio de mecanismos ocultos de financiamento, impulsionam estratégias de desinformação, atuam como milícias digitais, que manipulam o debate público e violam a ordem democrática”. A reportagem da Agência Senado entrou em contato com a assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro, mas não obteve retorno.

Na entrevista à rádio Jovem Pan, o senador Angelo Coronel disse que a CPI das Fake News não deve realizar reuniões ou votações enquanto durar o estado de emergência provocado pelo coronavírus. Mas ressaltou que os técnicos da comissão continuam analisando documentos encaminhados ao Congresso.

— Nossa equipe técnica tem material farto na mão, tem material que veio de algumas quebras [de sigilo], de Whatsapp e Facebook. Estamos lutando para descobrir quem abriu e o que trafegou nessas contas. Para ver se tem algum fato criminoso, ou se é apenas “meme” ou piada, como o deputado Eduardo Bolsonaro falou.

O presidente da CPI das Fake News sugeriu a convocação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro e do ex-diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo. Em entrevista coletiva antes de pedir demissão do cargo, Moro classificou a demissão do auxiliar, ocorrida na última sexta-feira (24), como uma “interferência política” do presidente Jair Bolsonaro.

— O ministro saiu atirando no governo. Apresentou inclusive algumas provas. Precisamos tirar isso a limpo na CPI. Quem está errado? O ministro ou o presidente? Acredito que, por ser renomado, o ministro não iria acusar sem ter algo a comprovar — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)