Paim entrega carta original de Ruy Barbosa em sessão de homenagem ao patrono do Senado

Da Redação | 22/11/2019, 16h10

Em sessão especial no Plenário para homenagear os 170 anos de nascimento de Ruy Barbosa, nesta sexta-feira (22), o Conselho Editorial do Senado lançou duas obras do intelectual: Oração aos Moços e A Imprensa e o Dever da Verdade. A sessão também foi marcada pela entrega por parte do senador Paulo Paim (PT-RS) de uma carta original de Ruy Barbosa (1849-1923) em resposta a um cidadão. A carta, guardada pela família do destinatário, havia sido entregue a Paim há dez anos e Paim resolveu entregá-la nesta oportunidade ao Museu do Senado.

Paim contou que um dia, encontrou nos corredores do Senado, um senhor que o estava procurando para entregar a ele a carta de Ruy Barbosa. Conforme disse o senador, a carta foi a resposta de Ruy a um cidadão que lhe escrevera, dizendo que ele precisava ganhar as eleições presidenciais.

— Sabe o que ele (o familiar) me disse ali? 'Senador Paim, um dia o senhor vai precisar desta carta'. Sabe o que eu pensei ontem à noite, olhando lá nos meus alfarrábios? Esse dia é amanhã! E o dia é hoje! Esta carta eu entrego a você a ao Senado, homenageando a Ruy, e estou homenageando a democracia, a Constituição, a liberdade e o combate a todos os preconceitos — disse Paim ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que presidiu a sessão.

O senador Randolfe Rodrigues, que preside o Conselho Editorial do Senado, disse que pretende publicar toda a obra de Ruy Barbosa durante seu mandato. Ele afirmou que as obras de Ruy não podem ficar apenas no Arquivo do Senado. Randolfe também lembrou o fato de que o homenageado era um abolicionista e que, no último dia 20, foi o Dia da Consciência Negra.

— Alguns podem qualificar Ruy como um liberal-democrata. Ruy era mais que isso. Alguém que teve a genialidade, aliás, alguém que teve a vanguarda no século XIX em uma sociedade escravocrata. E é importante, meu caríssimo Paim, senador negro deste Senado da República, na semana da Consciência Negra, lembrar o que representou a escravidão como chaga indelével na nossa história — afirmou.

A vice-presidente do Conselho Editorial, Esther Bermeguy de Albuquerque, falou sobre as obras de Ruy Barbosa lançadas nesta sexta-feira. Segundo ela, a Oração aos Moços traz uma mensagem importante para a juventude atual e A Imprensa e o Dever da Verdade contribui para o momento que a imprensa de hoje vive, com as fake news e a internet.

— Nós temos também um compromisso, que o Senador já assumiu, de publicar todos os discursos que ainda são inéditos do Ruy Barbosa no Senado, também será uma obra muito importante. E nós pretendemos também, ao longo deste mandato, publicar todas as obras do Ruy Barbosa. Há muitas obras importantes que estão esgotadas e há muitas obras inéditas ainda — informou Esther.

A encarregada de negócios da embaixada da Polônia, Marta Olkowska, afirmou que Ruy Barbosa é importante para os poloneses, porque, em sua época, defendeu que a Polônia, à época toda desmembrada, voltasse ao mapa do mundo.

— O nosso território foi dividido entre os nossos poderosos vizinhos – amigos agora, mas, na altura, nem tanto. E Ruy Barbosa, sendo quem ele foi, nunca esqueceu a nossa causa, sempre levantava essa causa. Para vocês, ele é conhecido como Águia de Haia, mas, na nossa memória, o discurso dele em Haia nunca vai desaparecer, porque, naquela altura, ele falou que a Polônia tinha todo o direito de voltar ao mapa do mundo — afirmou.

O consultor legislativo do Senado, Dario Alberto de Andrade Filho, lembrou como Ruy Barbosa era querido, com as imagens que mostravam a multidão de pessoas que presenciaram seu velório.

— Eu acho que o mais impressionante é que a gente vê todo tipo de pessoa: a gente vê homem, a gente vê mulher, a gente vê jovem, a gente vê velho, a gente vê brancos, a gente vê negros, quer dizer, a morte dele comoveu o país. Eu acho que ele comoveu o país porque, apesar de nunca ter conseguido chegar à Presidência da República, que era a missão legítima dele, ele deixou não uma marca na história do Brasil, ele deixou diversas marcas na história do Brasil — disse.

Ruy Barbosa

Considerado o Patrono do Senado, Ruy Barbosa de Oliveira foi senador entre 1890 e 1923 e tem um busto no Plenário, acima da Mesa. Ele foi jurista, advogado, diplomata, jornalista, escritor e teve grande atuação na política brasileira. Concorreu à presidência da República nas eleições de 1910 e 1919, perdendo a disputa para Hermes da Fonseca e depois para Epitácio Pessoa.

O patrono foi o primeiro ministro da Fazenda e da Justiça do período republicano, e representou o Brasil na Conferência de Haia, de 1907, que estabeleceu importantes normas de direito internacional. Além de membro fundador da Academia Brasileira de Letras, que presidiu entre 1908 e 1919. Barbosa nasceu na Bahia em 5 de novembro de 1849. A data do seu nascimento marca também o Dia da Cultura e da Ciência.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)