Presidente do BC vê ‘ligeiro crescimento’ do PIB com ajuda dos saques do FGTS

Da Redação | 27/08/2019, 15h44

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (27), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano ficou estável ou pode ter crescido ligeiramente e avaliou que a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep vão ajudar na retomada da atividade econômica.

— Dados sugerem a possibilidade da retomada do processo de recuperação da economia brasileira que tinha sido interrompido nos últimos trimestres. Essa retomada deverá ocorrer em ritmo gradual. Estimamos que o PIB tenha ficado estável ou crescido ligeiramente. Para os trimestres seguintes, esperamos alguma aceleração, que deve ser reforçada pelo efeito da liberação de recursos do FGTS e PIS-Pasep — afirmou.

Além da aprovação da reforma da Previdência (PEC 6/2019), Campos Neto pediu atenção dos senadores para uma agenda microeconômica. Ele destacou o trabalho feito pelo ex-senador Armando Monteiro na relatoria de projetos que “que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”.

— As reformas tendem a estimular o investimento privado e entendemos que uma retomada mais robusta da economia depende também da agenda microeconômica — defendeu,

Juros

Campos Neto também afirmou que a autarquia está empenhada na redução dos spreads bancários (diferença entre a remuneração que o banco paga quando capta recursos de clientes e o quanto o banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro) e indicou o potencial de crescimento do mercado de crédito. O presidente do BC manifestou preocupação com que os juros baixos cheguem ao consumidor final. Para o economista, medidas como o cadastro positivo e o open banking (sistema que permite o acesso a dados dos clientes) ajudam nesse processo:

— Se eu tenho mais conhecimento sobre o meu credor eu vou cobrar juros mais baixos, se eu tenho menos conhecimento eu quero mais proteção e cobro juros mais altos. Então, antes do empréstimo efetuado, nós precisamos organizar esse tema da informação — argumentou.

Outra medida na mira do BC para reduzir juros é estimular o crédito com garantia de imóveis, a chamada hipoteca reversa.

Para o senador Eduardo Braga (MDB-AM), a questão de redução de juros é urgente. Segundo ele, o brasileiro tem se mostrado disposto a fazer mais um sacrifício, com a reforma da Previdência, mas não aguenta tanto desemprego e falta de crédito.

— A população não pode continuar sendo penalizada enquanto os bancos apresentam enormes lucros trimestrais. Aumentar a concorrência no sistema financeiro é fundamental para a ampliação do crédito e a redução dos juros — defendeu.

Cenário Internacional

Ao avaliar o cenário internacional, o presidente do BC destacou a capacidade de resistência do Brasil diante dos riscos de uma desaceleração da economia global.

— Volto a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta para absorver um eventual revés no cenário internacional. Possuímos um balanço de pagamentos robusto, expectativa de inflação ancorada e a perspectiva de retomada do processo de recuperação econômica. Adicionalmente contamos com estoque de reservas internacionais próximos a US$ 389 bilhões — destacou.

Roberto Campos Neto ressaltou que a taxa básica de juros, a Selic, que estava em 14,25% ao ano em outubro de 2016, está atualmente em 6% ao ano, dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)