Linhas alimentadoras podem resolver transporte público do DF, apontam debatedores

Da Redação | 15/08/2018, 15h05

A implantação de linhas alimentadoras, de curta distância, em vez das longas que predominam no transporte público brasiliense, pode solucionar os problemas de mobilidade urbana vividos por moradores do Distrito Federal, afirmaram os convidados da audiência pública realizada nesta quarta-feira (15) pela Comissão Senado do Futuro (CSF). A iniciativa da reunião foi do senador Hélio José (Pros-DF), presidente do colegiado.

O representante do Movimento Tarifa Livre, Erivelton Forlan Duarte, explicou que as linhas com distâncias mais curtas são mais econômicas e por isso deveriam ser maioria no DF. Com a economia gerada, seria possível subsidiar transporte gratuito para todos os usuários da capital, como propõe o movimento. O projeto de passe livre está sendo elaborado nos moldes de outros sistemas de transporte público gratuito, como os de Paulínia (SP), Maricá (RJ) e Eusébio (CE).

— Em 2016, Brasília tinha um custo de R$ 1 bilhão com transporte público e a gratuidade para estudantes e idosos ficava em torno de R$ 600 milhões, ou seja, 60% do custo.

Hélio José avalizou a proposta do Movimento e prometeu fazer nova audiência para debater mais detalhadamente os custos do transporte e a viabilidade da proposta. Para ele, a qualidade de vida da população tem relação direta com a qualidade do transporte público.

— Os trabalhadores que moram em Brasília e entorno chegam a gastar mais tempo para se locomover até o local de trabalho do que para trabalhar de fato. Além disso, uma parcela grande da população não consegue arcar com o alto custo do transporte.

O presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo do DF, Vidal Guerra, criticou o sistema atual e disse que Brasília precisa de um modelo de transporte público a ser seguido por outros estados do país.

— O passageiro continua sofrendo com o atraso dos ônibus, muitas vezes sendo até demitido por chegar atrasado no emprego. O passageiro é um cliente e toda empresa tem a obrigação de tratar bem os seus clientes.

Bilhete único

De acordo com a representante da empresa Transporte Urbano do Distrito Federal DFTrans, Luzenir da Silva, os objetivos definidos no Plano Plurianual de responsabilidade da companhia estão sendo cumpridos.

— Um dos objetivos é a implementação do bilhete único que foi feita este ano e a implementação do aplicativo para consultar os horários das linhas em aparelhos de tecnologia móvel, que estamos trabalhando para ampliar. Outro objetivo é trabalhar para que os recursos destinados ao transporte público sejam de fato utilizados.

Para Luzenir, é inviável extinguir as linhas de longa distância. Segundo ela, o edital prevê a implementação das linhas alimentadoras, mas cabe à Secretaria de Mobilidade do DF responder pela implementação.

Entorno

O superintendente de Serviços de Transporte de Passageiros da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), João Paulo de Souza, informou que os esforços da agência reguladora estão voltados para solucionar os problemas de mobilidade urbana enfrentado pela população do entorno do DF.

— Estamos propondo para os municípios do entorno um sistema em que o transporte público de Goiás leve os usuários até os terminais rodoviários localizados na divisa entre os estados. Dos terminais, os ônibus do DF ficariam responsáveis por trazer esses usuários até a região central de Brasília — explicou.

Outra possibilidade apontada por João Paulo é a integração entre os governos de Goiás e do DF para, em parceria com o Ministério dos Transportes, criar uma empresa pública que realize a licitação e a gestão do transporte público do entorno.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)