Consequências do bullying no ambiente educacional serão debatidas na CAS

Sergio Vieira | 22/11/2017, 13h18

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou nesta quarta-feira (22) requerimento da presidente do colegiado, senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), para que seja realizada uma audiência pública sobre as graves consequências do bullying no ambiente educacional e para os jovens.

O objetivo da senadora com o debate é contribuir para aumentar a consciência da sociedade e dos poderes públicos, visando ao reforço de políticas de combate e prevenção ao bullying.

No requerimento, Marta cita um estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a dimensão que atingiu o bullying no Brasil. Os dados da pesquisa comprovam que tanto os praticantes quanto as vítimas do bullying pioram seu desempenho escolar, faltam mais às aulas e apresentam índices significativamente acima da média de abandono dos estudos.

"Nestes adolescentes estão presentes também mais sintomas de baixa auto-estima, ansiedade, depressão e perda de interesse por qualquer atividade", acrescentou a senadora.

Tragédia em Goiânia

Marta Suplicy, que também é psicóloga, lembra que o círculo vicioso do bullying tem o potencial de provocar profundos danos emocionais a adolescentes ainda em formação, levando-os a entrar em conflito com a realidade.

"Agressores e agredidos passam a viver em um universo em que as regras sociais e os parâmetros de bom senso passam a ser quase que inexistentes. As consequências inclusive podem ser trágicas, como foi o caso do Colégio Goyases, em Goiânia", apontou a senadora, em referência à tragédia do dia 20 de outubro, em que um estudante de 14 anos matou 2 colegas a tiros dentro da sala de aula, deixando ainda outros 4 feridos, uma delas tetraplégica.

A senadora reforça que "o bullying não é um problema simples. Não é algo que se resolva com advertências na secretaria do colégio". Segundo Marta Suplicy, é necessária uma mudança que atinja a toda a sociedade.

Ela ainda acrescentou que segundo a pesquisa da OCDE, 17,5% dos alunos brasileiros relataram sofrer bullying; 9,3% são alvo de piadas constantes; 7,8% se sentiam excluídos no ambiente escolar; 4,1%, relataram sofrer ameaças; 3,2% disseram ser "agredidos fisicamente" com frequência; 5,3% afirmaram que colegas frequentemente destroem suas propriedades e 7,9% são alvo de rumores maldosos. De acordo com esses relatos, 9% dos alunos foram classificados pela OCDE como "no topo do indicador de agressões e mais expostos".

Convidadas

Estão sendo convidados para a audiência, cuja data ainda será definida, a psicóloga Ângela Uchoa, autora do livro "Bullying - escola e família enfrentando a questão"; a procuradora Isabella Bana, autora do livro “Bullying, homofobia e responsabilidade civil das escolas”; e a educadora Tânia Paris, presidente da Associação pela Saúde Emocional das Crianças (Asec), entre outros.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)