CRE aprova indicação de embaixadores para atuação em países da Ásia e na África

Sergio Vieira | 09/11/2017, 15h23

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (9), após sabatinas, a indicação do diplomata Fernando Estellita Lins de Salvo Coimbra, para a chefia da representação brasileira em países da África, e da diplomata Ana Lucy Gentil Cabral Petersen para atuação semelhante no sudeste da Ásia.

Após a confirmação pelo Plenário, Coimbra ocupará o cargo de embaixador do Brasil em Nairobi,  capital do Quênia, acumulando a representação neste país com outros da África, que são Ruanda, Uganda, Burundi e Somália. Já Ana Lucy Petersen vai para Bangcoc, capital da Tailândia, acumulando o posto nesta nação junto a outras duas vizinhas, o Camboja e o Laos.

Durante as sabatinas, vários senadores observaram o fato de que parte destes países são marcados por regimes ditatoriais, com alguns deles passando por crises ou buscando superar períodos de instabilidade.

Ásia

Ana Lucy Petersen observou que a Tailândia é governada por um regime militar, fruto de um golpe ocorrido em maio de 2014. Ela acrescentou que a junta militar que governa o país, chefiada pelo general Prayut Chan-ocha, convocou eleições gerais para novembro de 2018, e há uma expectativa da comunidade internacional para que de fato elas aconteçam, o que será interpretado como um retorno do país ao campo democrático.

A diplomata lembrou que este foi o 18º golpe de estado ocorrido na Tailândia desde o pós-guerra, e este cenário convive com uma monarquia constitucional, a dinastia Chakkri, os chefes-de-estado há mais de 200 anos.

Ela ressaltou que a família real tailandesa é respeitada pela população e pelos grupos políticos. E que o rei Bhumibol Adulyadej, falecido no ano passado após mais de 70 anos no cargo, era visto como um semi-deus por parte da população.  A junta militar no governo é próxima à família real tailandesa, informou a diplomata, que vê perspectivas positivas para o Brasil incrementar suas exportações de material de defesa para a nação asiática.

Quanto ao Camboja e ao Laos, a diplomata acrescentou que em ambos os países a lei proíbe críticas ao governo, o que é interpretado como uma atitude criminosa. Como são também nações marcadas por significativos índices de pobreza e carência alimentar, Any Lucy Petersen vê boas perspectivas de colaboração com o Brasil na área da agricultura, inclusive na exportação de produtos.

África

Fernando Coimbra também foi questionado sobre crises políticas enfrentadas por algumas das nações onde atuará como embaixador. No caso do Quênia, ele lembrou que a Corte Suprema tomou uma atitude sem precedentes na história africana, e rara mesmo a nível mundial, de anular um pleito presidencial por suspeitas de fraudes.

O caso se deu em relação às eleições realizadas em agosto, em que o atual presidente Uhuru Kenyatta teria recebido quase 100% dos votos. Um novo pleito foi realizado no dia 26 de outubro, porém foi boicotado pela oposição e marcado por alta abstenção, e o cenário de reeleição de Kenyatta com quase 100% dos votos se manteve, como acrescentou o diplomata.

Ruanda também tem sido marcada por um governo forte e centralizador, disse Coimbra. O atual presidente Paul Kagame também foi reeleito com quase 100% dos votos em agosto para o cargo que ocupa desde o ano 2000. A despeito de críticas de dissidentes, segundo os quais as sucessivas reeleições de Kagame são marcadas por fraudes e de que no país não existe liberdade política ou de expressão, o diplomata entende que o atual regime trouxe estabilidade à nação, marcada pelo genocídio que matou quase um milhão de ruandeses em 1994.

Já a Somália tem como um dos dos grandes desafios o enfrentamento ao grupo terrorista Al-Shabab, de perfil jihadista, que é muito atuante no país e realizou ataques também no Quênia, observou o diplomata.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)