Lindbergh diz que discurso da ética sumiu da Câmara no caso da denúncia de Temer

Da Redação e Da Rádio Senado | 07/08/2017, 16h20

Ao comparar a sessão da Câmara dos Deputados que autorizou a abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, com a que impediu o andamento de denúncia contra o presidente Michel Temer no Supremo Tribunal Federal, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que o discurso da ética, feito por parlamentares favoráveis ao afastamento de Dilma, sumiu no caso de Temer, mesmo sendo o presidente acusado da prática de corrupção passiva.

Essa mudança de postura, segundo Lindbergh Farias, aconteceu devido a compra de votos pelo governo, a edição de medida provisória atendendo aos interesses da bancada ruralista na Câmara e à edição da MP do Refis, que refinancia as dívidas tributárias dos empresários.

Lindbergh Farias alertou que tudo isso tem um custo para a sociedade, o que fica evidente com a possível mudança da meta fiscal deficitária; o corte de gastos em investimentos e custeio de setores como segurança e pesquisa; a redução no número de beneficiários do Programa Bolsa-Família; e a volta da fome no país.

- Esse refis é outro escândalo. Estão anistiando multas de bancos e de grandes empresas, num valor que pode chegar a 270 bilhões [de reais]. O [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles está dizendo que não aceita. mas eu sei o que vai acontecer: vai haver uma negociação entre governo e parlamentares, que vão aqui querer beneficiar empresas amigas. É o pagamento do golpe novamente: só há dinheiro para salvar a cabeça do Temer. para o Bolsa-Família, não há dinheiro, para as universidades, não tem dinheiro - disse o senador.

Lindbergh Farias comentou ainda a discussão da reforma da Previdência em encontro entre Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira.

Para ele, as mudanças propostas são particularmente perversas com os mais pobres, enquanto setores empresariais conseguem anistia fiscal e não pagam mais impostos.

Salários de juízes

Lindbergh relatou visita ao Conselho Nacional de Justiça, nesta segunda-feira, quando cobrou o cumprimento da lei que limita os salários da magistratura ao valor recebido mensalmente pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, cerca de R$ 33 mil.

Segundo o senador, enquanto o funcionalismo do Rio de Janeiro está com salários atrasados há três meses, os juízes do estado recebem em dia e, em alguns casos, até mais de R$ 100 mil ao mês. Isso acontece, de acordo com Lindbergh Farias, porque uma resolução do CNJ exclui do limite constitucional alguns valores pagos aos juízes.

- Fica de fora sabe o que? ajuda de custo para mudança e transporte, auxílio-alimentação, auxílio-moradia, auxílio-funeral. Juiz tem direito a auxílio-funeral, auxílio-reclusão, auxílio-transporte, indenização de férias não gozadas, indenização de transporte, licença-prêmio convertida em pecúnia, auxílio pré-escola - enumerou o senador, com indignação.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)