José Aníbal aborda crise econômica em seu primeiro discurso no Senado
Da Redação e Da Rádio Senado | 08/06/2016, 18h18
Em seu primeiro discurso no Senado, José Aníbal (PSDB-SP) afirmou que a crise vivida pelo Brasil é resultado do projeto de poder do que chamou “Lula petismo” e condenou o corporativismo que, em sua avaliação, pode ser até mais danoso que a corrupção.
Substituto de José Serra, que se afastou do Senado para comandar o Ministério das Relações Exteriores, José Aníbal disse que um passo para a superação da crise e a reconstrução do país é combater a corrupção, que, como ressaltou, tem recebido um ataque sem trégua das instituições.
Sobre o corporativismo, ele afirmou ser uma prática que se apropria de parcelas crescentes da renda nacional e reclamou que a expansão ilimitada dos interesses particulares no estado é responsável pelo atual estágio de bancarrota das finanças públicas.
Como exemplo, José Aníbal disse que há muitas categorias de servidores que querem a aumentar ainda mais seus salários, mesmo estando o país incapaz de investir e de prover serviços públicos de qualidade.
— Não é por acaso que, em meio a pior crise econômica de nossa história recente e frente ao desemprego, uma das grandes cobranças que se faz ao novo governo seja de conceder reajuste salarial para o qual não há qualquer viabilidade fiscal. Neste ano temos um déficit fiscal previsto de R$ 170 bilhões, além de uma despesa de R$ 460 bilhões com juros. Os cofres públicos estão em frangalhos e não podem suportar mais essa demanda.
Para José Aníbal, existem situações absurdas no Brasil devido ao corporativismo, como problemas na educação pública e o excesso de gastos públicos. Ele reclamou que os gastos do Congresso Nacional, por exemplo, chegam a R$ 10,4 bilhões por ano, quase a receita corrente líquida do Estado da Paraíba. Já o judiciário, consome 1,3% do produto interno bruto nacional, quanto na Alemanha, esse custo equivale a 0.3%, e nos Estados Unidos a apenas 0,1%.
Com essa crítica, ele explicou não estar defendendo redução de salários de ninguém. Seu objetivo, disse, é refletir sobre o quanto o PIB brasileiro precisa crescer para que o país seja mais justo. Isso, segundo o senador, só poderá se concretizar com a expansão da economia e com ganhos constantes e contínuos de eficiência.
Reforma Política
José Aníbal opinou que o sistema político brasileiro não contribui para acelerar o desenvolvimento econômico. Por isso, um grande desafio do Congresso é fazer a reforma política reivindicada pelas manifestações populares.
— Roteiro estimulante foi sugerido pelo ex-presidente Fernando Henrique: cláusula de barreira, fim das coligações, semi-presidencialismo e voto distrital — afirmou.
Ele alertou necessário e urgente, também, mudar as leis orçamentárias e de finanças públicas. Em sua avaliação, o Congresso Nacional e o presidente Michel Temer dão mostras cotidianas com as mudanças.
José Aníbal ainda lembrou ter chegado à Câmara dos Deputados em 1993, três meses após o impeachment de Collor; desta vez, chegou ao Senado três dias após afastamento da presidente Dilma Rousseff.
— Levamos mais de um ano para construir um plano e livrar o Brasil da deriva. Agora, temos poucos meses para fazer o mesmo —, observou. Ele ainda ressaltou o importante papel do Senado neste momento:
— Se esta Casa foi capaz de dar rumos ao país em outros momentos críticos do passado, porque não poderá fazer agora?
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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