Renan Calheiros propõe pacto pelo emprego e critica paralisia do governo

Rodrigo Baptista | 30/04/2015, 13h26

Na véspera do Dia do Trabalho, o presidente do Senado, Renan Calheiros, propôs um pacto nacional pela defesa do emprego face à situação econômica enfrentada pelo país. Renan pretende impulsionar medidas legislativas para que as empresas, sobretudo as pequenas, mantenham e criem novos postos de trabalho. Em entrevista nesta quinta-feira (30), o senador disse esperar que a presidente da República, Dilma Rousseff, "compre a ideia" de um pacto nacional pelo emprego, para romper com o "imobilismo".

Segundo Renan Calheiros é preciso estabelecer metas de emprego e não apenas de inflação:

— Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do que o vazio. Nós fizemos a democracia para deixar as panelas falarem. As panelas precisam se manifestar. Nós precisamos todos ouvir o que as panelas dizem. Certamente a presidente Dilma não vai falar no dia 1º de Maio por que não tem o que dizer. Por isso eu estou proponho um pacto em defesa do emprego — afirmou Renan em referência ao panelaço que ocorreu no Dia Internacional da Mulher durante o pronunciamento em rádio e TV da presidente.

Ele classificou de "retrocesso" e "coisa ridícula" o governo não ter o que dizer no Dia do Trabalho. A presidente Dilma Rousseff não fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV em 1º de Maio. Conforme o governo, ela se manifestará por meio das redes sociais.

— Essa coisa de a presidente da República não poder falar no dia 1º de maio por não ter o que dizer é ridícula. Isso enfraquece muito o governo — criticou.

Entre as propostas de Renan, está a recomendação para eu o governo priorize, em suas compras, empresas que criem novas vagas. O presidente do Senado também quer conceder desoneração da folha para essas companhias e sugeriu aumentar o crédito da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para as empresas que não fecharem postos de trabalho.

A ideia, segundo Renan Calheiros, é envolver todos os setores da sociedade em prol do país.

— Passaríamos a discutir uma agenda. O governo não tem agenda, não tem iniciativa — avaliou.

As propostas serão detalhadas durante sessão temática destinada a debater a crise e as perspectivas de longo prazo para o Brasil, que será realizada na próxima semana.

Requerida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), a sessão deverá contar com a participação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; dos economistas Carlos Lessa e Marco Henrique Monteiro de Castro; do economista Armínio Fraga, entre outras personalidades.

— Qualquer proposta nessa direção que possa entrar no pacto da defesa do emprego será muito bem recebida — disse Renan Calheiros.

Renan Calheiros também voltou a criticar o projeto de regulamentação da terceirização das atividades principais das empresas. Segundo ele, é necessário tirar os trabalhadores da insegurança jurídica, mas não "liberar geral." Para Renan Calheiros, autorizar a terceirização das atividades-fim precariza o trabalho.

O presidente do Senado insistiu ainda que o atual ajuste fiscal promovido pelo governo afeta apenas o bolso do trabalhador.

— Nós que defendemos meta de inflação, meta de superávit, nós temos que defender uma meta para o emprego. Se não, quem vai pagar a conta do ajuste é o trabalhador — disse.

O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS) elogiou a iniciativa de Renan Calheiros, mas revelou que o governo já trabalha na elaboração de propostas que garantam a manutenção do emprego e está de olho em medidas bem sucedidas tomadas por países europeus.

— Isso está sendo trabalhado. O governo está tomando as medidas necessárias, inclusive considerando a experiência de outros países — disse Delcídio.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)