Vão a Plenário indicações de embaixadores para Tunísia e São Cristóvão e Névis

Da Redação | 25/04/2013, 17h30

As indicações de Julio Glinternick Bitelli e Douglas Wanderley de Vasconcellos para os cargos de embaixador na Tunísia e na Federação de São Cristóvão e Névis, respectivamente, foram aprovadas nesta quinta-feira (25) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE). Para que as nomeações sejam confirmadas, falta agora a aprovação do Plenário da Casa.

Ao ser sabatinado pelos senadores, Julio Glinternick Bitelli lembrou que a chamada Primavera Árabe ("ou Despertar Islâmico, como preferem alguns especialistas") teve início na Tunísia, em dezembro de 2010, após um jovem atear fogo ao próprio corpo. O movimento, que contestou diversos regimes ditatoriais da região, provocou a queda de governantes em países como o Egito, a Líbia e a própria Tunísia.

Por um lado, Bitelli apontou semelhanças entre a Tunísia – que possui cerca de 11 milhões de habitantes – e os outros países da região: derrocada de regimes autoritários, surgimento de "forças que estavam reprimidas há muito tempo", disputa de poder entre partidos vinculados ao islamismo e partidos mais laicos, debates sobre a adoção da Sharia (código de leis islâmicas) e sobre a possibilidade uma democracia islâmica.

Por outro lado, ele disse que a Tunísia se diferencia dos outros por possuir uma cultura de tolerância, que se reflete inclusive na coligação que governa o país – formada por um partido de tendência islâmica e outros dois  laicos. Segundo Bitelli, esse tipo de combinação não existe nos outros países da região.

– A Tunísia tem uma tradição de diálogo e de busca de consenso – frisou ele, acrescentando que o país apresenta relações muito próximas com a Europa, pela tradição de sindicalismo e de partidos de esquerda.

Outro ponto que destacou em sua exposição é a expectativa de que uma nova constituição seja adotada nos próximos meses – talvez já a partir de julho – e novas eleições presidenciais e legislativas ocorram até o final do ano.

Apesar de reiterar que as expectativas para o país, tanto políticas quanto econômicas, são otimistas, Bitelli reconheceu que existem preocupações com questões como as Ligas de Proteção da Revolução, vinculadas a setores islâmicos, e o índice de desemprego. Ele também lembrou que o assassinato, no início do ano, de Chokri Belaid, um dos líderes da oposição, gerou forte reação popular.

Ao comentar as relações com o Brasil, Bitelli disse que há uma "enorme demanda" da Tunísia para conhecer melhor o processo brasileiro de transição democrática e os programas sociais que vêm sendo implementados. E, ao apontar as possibilidades de negócios entre os dois países, informou que a Embraer já está discutindo a venda de aviões para a Tunísia.

Nos últimos três anos e meio, o embaixador atuou como ministro-conselheiro da embaixada brasileira em Buenos Aires.

Caribe

O outro sabatinado do dia, Douglas Wanderley de Vasconcellos, foi indicado para o cargo de embaixador na Federação de São Cristóvão e Névis (formada por duas ilhas localizadas no Caribe). A população estimada é de pouco mais de 50 mil habitantes. Vasconcellos ressaltou que o Caribe "é uma região sem soberania alimentar", o que abriria oportunidades para exportações brasileiras, entre outras.

Ao observar que a Federação de São Cristóvão e Névis possui uma área muito pequena (cerca de 260 quilômetros quadrados), Vasconcellos disse que "é curioso notar que os paraísos fiscais têm esse perfil de insularidade em pequenos territórios", como é o caso das Ilhas Cayman.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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