Senadores questionam política cambial e controle da inflação em debate com Tombini

Da Redação | 05/05/2011, 18h08

A entrada de capitais no Brasil nos primeiros meses de 2011, no total de US$ 54,5 bilhões, superou o volume de todo o ano passado, de US$ 36,5 bilhões. O fato levou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) a perguntar ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se "o BC não levou um drible". Enquanto o Banco Central enxugava o mercado com o compulsório sobre depósitos a vista e a prazo, os bancos e as empresas realimentavam a liquidez do mercado com dinheiro captado no exterior.

Tombini disse que, na verdade, o país continua atraente aos investidores internacionais, tanto que grande parte do fluxo de capitais é composta de investimentos diretos, de longo prazo, que totalizaram US$ 23 bilhões nos primeiros meses de 2011. Políticas adotadas por países desenvolvidos que tentam sair da crise, de acordo com o presidente do BC, também fizeram o dinheiro migrar para o Brasil.

Enfoque

Lindbergh notou uma diferença de enfoque no combate à inflação: enquanto o relatório trimestral da inflação, do Banco Central, enfatiza a importância de medidas macroprudenciais, como o compulsório sobre depósitos, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 19 e 20 de abril, menciona a necessidade de ajuste mais prolongado da taxa básica de juros, a Selic.

Também o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), perguntou se os juros haviam "voltado à ribalta". Em resposta, Alexandre Tombini disse que "nada mudou".

- Se todos os documentos forem lidos, pode-se perceber que a postura tem sido consistente nos últimos anos. Esta não é uma corrida de cem metros: o objetivo é fazer a inflação de 12 meses voltar a 4,5% - esclareceu o presidente do BC.

Crescimento

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), disse que o governo Lula se caracterizou pelo crescimento econômico aliado ao controle da inflação. Nesse momento, conforme o parlamentar, o país assiste a uma maior pressão inflacionária, em função do aumento dos preços do petróleo e das commodities agrícolas. Rollemberg perguntou como conciliar o combate à inflação com a necessidade que o país tem de continuar crescendo.

Alexandre Tombini disse que todas as ações do governo são coerentes com a continuidade dessa estratégia. Segundo ele, não dá para crescer com inflação descontrolada, nem para manter a inflação baixa numa economia estagnada. Ele disse que todas as projeções indicam a continuidade do crescimento em 2011 e nos próximos anos a uma taxa média de 5,5%.

Também participante da audiência, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ressaltou a coesão da equipe econômica, "que tem um tripé de ação: controle da inflação, desenvolvimento e distribuição da renda". Ela disse que, além de fazer a inflação convergir para o centro da meta e de trabalhar para estancar o intenso fluxo de capitais para o país, o Banco Central enfrenta outro desafio: controlar as expectativas.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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