Brasil precisa reduzir mortalidade materna

Da Redação | 03/04/2012, 00h00

Apesar dos avanços, o Brasil não deve conseguir atingir a meta de redução da mortalidade materna estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). A previsão é da revista médica inglesa The Lancet, que lançou, em 2011, um número dedicado à saúde no Brasil.

A meta é que os países reduzam em 75%, até 2015, os índices de mortalidade materna apresentados em 1990. Em 20 anos, o índice brasileiro caiu quase pela metade, de 141 para 68 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. A meta é de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2015. Embora a queda seja significativa, a revista inglesa afirma que a média anual brasileira de declínio é insuficiente para alcançar a meta.

O governo federal, entretanto, tem outra avaliação. Balanço de mortalidade materna em 2010, divulgado em fevereiro pelo Ministério da Saúde, mostrou que, em 2011, houve a maior redução de mortes dos últimos 10 anos, com queda de 19% em relação a 2010. A partir de agora, o ministério deve concentrar investimentos nas regiões Norte e Nordeste, onde a proporção de óbitos é maior.

Em audiência pública sobre os desafios para promoção da saúde da mulher, a senadora Ângela Portela (PT-RR) lembrou que a redução da mortalidade materna é justamente um dos objetivos da Rede Cegonha. Segundo ela, 930 mil gestantes foram atendidas entre março de 2011 e março de 2012. A audiência foi realizada pela Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher, vinculada à CDH, para marcar a passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.

Na avaliação de especialistas, porém, é preciso fazer mais do que ampliar o atendimento. A discriminação étnica e racial e a falta de conhecimento da diversidade cultural brasileira por parte dos profissionais de saúde são entraves à qualidade do pré-natal ­realizado no Brasil. Segundo a antropóloga Lia Zanotta, mulheres denunciam sofrer vários tipos de preconceito em hospitais.

&#8212 O combate ao preconceito é fundamental para melhorar o atendimento e alcançar a redução da mortalidade materna pretendida pela Rede Cegonha &#8212 avaliou Lia.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), em discurso realizado em Plenário sobre o assunto, afirmou que a redução da taxa de mortalidade materna é um dos maiores desafios dos sistemas de saúde brasileiro e mundial. Ela informou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o problema uma "epidemia silenciosa" que vitima mais de 500 mil mulheres anualmente em todo o planeta.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)