Relato da vítima: "Fui colocada no porta-malas"

Da Redação | 15/03/2004, 00h00

"Eu e minha mãe fomos vítimas de um seqüestro-relâmpago em julho de 2001. Eram 19h, nosso carro estava estacionado em uma rua movimentada de Porto Alegre, onde há uma grande concentração de bares e restaurantes. Enquanto minha mãe vasculhava a bolsa para achar uns trocados para dar a um dos flanelinhas, dois marginais, um deles armado, se aproximaram e nos renderam. Fui colocada no porta-malas, sob os olhares cúmplices dos que estavam por ali. Minha mãe foi na frente, ao lado do motorista. Enquanto um deles dirigia, o outro nos vigiava do banco de trás. Ficamos em poder deles por quase três horas. Visivelmente drogados, os dois falavam descontroladamente. Fomos ameaçadas de morte durante todo o tempo. Minha mãe conseguiu manter a calma e repetir insistentemente para que não nos matassem, que faríamos o que eles pedissem. Pegaram nossas bolsas e tudo o que tí-nhamos de valor. Nos levaram a uma agência bancária e retiraram R$ 1 mil. Os dois eram muito jovens e repetiam que não tinham nada a perder. Largaram-nos na rua e levaram o carro. Na delegacia, os policiais registraram como roubo de carro a mão armada. Fui à agência bancária e descobri que os ladrões usam o único caixa eletrônico que não filma os usuários. O banco disse que não era sua responsabilidade. Fiquei revoltada porque percebi que nada seria feito. No bairro também descobri que meu caso não era o único e que outras pessoas já tinham sido levadas ao mesmo lugar." Relato da economista S.B.S, 31 anos, que preferiu não se identificar.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)