Entre o futebol e o presidente da República

Da Redação | 24/08/2010, 00h00

"Temos que ter clareza em quem queremos votar, para que devolvam leis justas"

Se as eleições no Brasil não fossem obrigatórias, mais de 50% dos eleitores não compareceriam às urnas, segundo dados do TSE e da Consultoria do Senado. Ao lado desse indicador preocupante, outro também foi utilizado para conceber a campanha educativa do Senado pelo voto consciente. "Mais de 50% dos brasileiros acham mais importante que a Copa do Mundo de 2014 seja no Brasil do que eleger o presidente da República", assinalou a responsável pela Subsecretaria de Projetos Especiais (Supres), Elga Lopes, para explicar a analogia da campanha com o conhecido jogo de futebol de botão.

Inspirada em outras iniciativas no exterior de exortação ao voto, como a que mostra aos hispânicos o poder do seu voto nos Estados Unidos, onde ele é facultativo, a campanha foi desenvolvida integralmente por 14 funcionários do Senado. Ela destaca para o eleitor que depende dele a escalação do time que vai estar no Congresso elaborando as leis que resolvem suas necessidades cotidianas, como o relacionamento com os vizinhos, com o trabalho e com o meio ambiente. "Temos que ter clareza em quem queremos votar, para que devolvam leis justas e adequadas", sublinhou a secretária-geral da Mesa, Claudia Lyra.

No endereço www.senado.gov.br/seuvotofazocongresso, o interessado pode encontrar spot de rádio, VT, cartaz, anúncio, marcador de página, cartão postal e até um game quiz interativo intitulado Seleção Cidadã. A campanha utilizou, segundo o seu coordenador na Supres, Paulo Meira, professor de Marketing, a estrutura conceitual desenvolvida por Jagdish Sheth e Gary Frazier, em 1982, conhecida como mudança social planejada. "As pessoas podem estar engajadas, mas com atitude negativa", resumiu Meira.

Isso pode ser mais bem entendido pelo exemplo do motociclista que anda de capacete porque é obrigatório, mas que detesta usá-lo. A maioria dos eleitores, segundo Meira, age de modo semelhante. Apenas um quinto dos brasileiros não comparece às urnas. Portanto, a grande maioria está engajada. Mas se o voto não fosse obrigatório, o índice de abstenção seria enorme (72% dos entrevistados pelo DataFolha, com nível superior, querem o voto facultativo).

Pelo modelo de mudança social planejada, continuou Meira, a melhor estratégia de comunicação é a da racionalização. Por exemplo, explicar ao motorista os riscos de não usar o capacete ou a proteção obtida por usá-lo para preservar a vida e reduzir a possibilidade de acidente. A campanha do Senado mostra, por analogia, que o voto consciente é o comportamento social desejado.

A divulgação da campanha será feita, entre outros, em todos os veículos do Senado e instituições parceiras, como a Câmara, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e bancos oficiais.

 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)