Internet amplia os meios para ajudar

Da Redação | 09/10/2012, 00h00

Uma das coisas que tem impulsionado o voluntariado no Brasil é a internet, com as novas tecnologias. Segundo o Ibope, 87% dos voluntários têm celular, 64% têm computador e 53% usam redes sociais como Facebook e Twitter.

Isso fez surgir o serviço voluntário on-line, que muitas vezes pode ser prestado total ou parcialmente sem sair de casa. As principais vantagens são permitir quebrar as barreiras da distância e de disponibilidade de horário.

No Brasil, o portal Voluntários Online (www.voluntariosonline.org.br) foi o primeiro a promover a modalidade, apresentando uma lista de portais de voluntariado on-line internacionais. ONGs de diversas áreas de atuação também podem se cadastrar e recrutar voluntários interessados em ajudar.

Mesmo as instituições mais tradicionais têm se adaptado aos novos tempos. O Centro de Valorização da Vida (CVV), que há 50 anos oferece apoio emocional por telefone, desde junho do ano passado oferece o serviço também por chat, e-mail e voz sobre IP (voIP).

Possível a todos

Quem deseja tornar-se voluntário — on-line ou presencial — pode buscar organizações como o Voluntários Online, o CVV, a ONG Sonhar Acordado, a própria empresa onde trabalha ou instituições religiosas, que, segundo o Ibope, são apontadas por 49% dos voluntários brasileiros como local onde o serviço é prestado.

Os interessados podem também promover ações individuais, como os dois moradores do Varjão que estão arrecadando brinquedos para a creche local. Com essa iniciativa, os dois demonstram que o voluntariado é um exercício de cidadania que independe da situação financeira de quem pratica.

— Cada um oferece o que tem habilidade. Pode tocar violão, ler livros, contar histórias. Pode também arrecadar brinquedos, roupas, objetos de bazar. É graças aos voluntários que nossas crianças têm acessso à cultura.

Afinal, como uma mãe que trabalha como diarista vai levar o filho ao teatro? Em geral não tem dinheiro, não tem transporte, não tem tempo nem conhecimento sobre aquela cultura — explica Núbia Teixeira, diretora da creche frequentada por Maria de Fátima e outras 54 crianças, que surgiu em 2001 como barracão de madeira feito por moradores do Varjão.

Copa de 2014 registra recorde de voluntários

A disposição dos brasileiros para o voluntariado foi confirmada de 21 de agosto a 21 de setembro, quando 130.919 pessoas se candidataram para trabalhar como voluntários na Copa do Mundo de 2014 e na Copa das Confederações de 2013, ambas no Brasil. Foi o maior número de inscritos na história das copas. Na Alemanha, em 2006, foram 48 mil. Na África do Sul, em 2010, foram 70 mil. Além de brasileiros de todos os estados, inscreveram-se 7.450 estrangeiros.

A previsão é de que 15 mil voluntários atuem na Copa do Mundo, e 7 mil, na Copa das Confederações. Durante 20 dias da Copa do Mundo, eles vão trabalhar de graça no atendimento ao público, às delegações e à imprensa, com serviços de alimentação, transporte e protocolo, entre outros.

A intenção é ter cerca de 1.500 pessoas trabalhando em cada cidade-sede. Os candidatos de localidades fora das cidades-sede deverão arcar com as despesas de passagens para as cidades-sede e hospedagem.

A entidade disponibilizará apenas alimentação no local de trabalho, deslocamento para os locais dos jogos e uniforme.

O Comitê Organizador Local pretende fazer do programa de voluntários um dos principais legados da Copa do Mundo para expandir a cultura do ­voluntariado no Brasil.

Polêmica

A instituição do trabalho voluntário para a Copa do Mundo do Brasil não foi aceita sem questionamentos. Em junho, uma audiência pública na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados criticou que brasileiros prestem serviço gratuito para a Fifa.

— Não posso ouvir a informação de que milhares de brasileiros trabalharão gratuitamente, enquanto a Fifa enche seus cofres com recursos. A entidade deveria pagar a essas pessoas um valor compatível com a realidade trabalhista do país — disse, na ocasião, o deputado Laercio Oliveira (PR-SE), que pediu a realização do debate na Câmara.

Lei determina objetivos e descarta vínculo empregatício

No que se refere a legislação sobre voluntariado, os senadores contribuiram para a Lei 9.608/98, que define o serviço voluntário como não remunerado e não gerador de vínculo empregatício. A lei determina que a atividade voluntária terá objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. Existe também a Lei 7.352/85, que estabelece 28 de agosto como Dia Nacional do Voluntariado.

Atualmente, a Câmara analisa o Projeto de Lei 3.129/12, do deputado Mandetta (DEM-MS), que pretende alterar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para permitir ao empregado faltar ao serviço um dia por ano para participar de trabalhos comunitários. Antes de chegar para análise do Senado, o projeto precisa ser aprovado pelas Comissões de Trabalho e de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)