Casos de contaminação pelo vírus Zika vêm caindo, segundo o Ministério da Saúde

Patrícia Oliveira | 13/06/2017, 09h58

A investigação de pesquisadores brasileiros, principalmente do Nordeste, sobre a relação entre a microcefalia e o vírus Zika, transmitido pelo Aedes aegypti, deu ao Brasil papel de destaque na prevenção a novos casos. Tanto que a infectologista Celina Turchi, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, foi incluída na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time em 2017.

No Brasil, só este ano, até o dia 10 de maio foram confirmados 293 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso de bebês causadas pelo vírus na mãe quando gestante. Desde o início das investigações, em outubro de 2015, houve a confirmação de 2.772 casos de microcefalia por infecção. A maioria dos casos em monitoramento está no Nordeste (47,4%), seguindo-se o Sudeste (33,9%) e o Norte (9,0%). Os cinco estados com maior número de casos em monitoramento são Bahia (18,0%), São Paulo (11,9%), Rio de Janeiro (11,2%), Pernambuco (9,5%) e Minas Gerais (8,3%).

A boa notícia é que, em maio, o Ministério da Saúde declarou o fim da emergência em saúde pública de importância nacional relacionada ao vírus Zika e à microcefalia. O período durou 18 meses. Até 25 de março, o Ministério da Saúde registrou queda expressiva dos casos de zika, resultado das medidas de combate ao Aedes aegypti, em parceria com os estados e municípios. Foram 4.894 casos no país, o que significa uma redução de 97% em relação a 2016.

Entre os fatores que contribuíram para a queda dos casos, está a mobilização nacional contra o mosquito. As grávidas são orientadas a adotar medidas como eliminar os criadouros, manter portas e janelas fechadas ou com telas, vestir calça e camisa de manga comprida e usar os repelentes permitidos.

Diagnóstico

A microcefalia é identificada pelo tamanho da cabeça da criança, bem menor que o de outras da mesma idade e sexo. Com menos espaço para o cérebro crescer, pode haver sérias consequências no desenvolvimento, como dificuldades na coordenação motora e equilíbrio, atraso no crescimento, na linguagem e no aprendizado, epilepsia e paralisia cerebral.

Nos exames pré-natais, a ultrassonografia é bastante precisa para diagnosticar as más-formações cerebrais. Mas também no nascimento e depois dele é possível detectar a microcefalia.

Além das infecções por vírus e das causas genéticas, vários fatores podem desencadear a microcefalia, como o consumo de drogas, álcool e alguns medicamentos durante a gravidez.

— A maior gravidade nessa infecção ocorre no primeiro trimestre da gestação, durante a formação dos órgãos do recém-nascido. O vírus pode prejudicar o desenvolvimento desses órgãos. E o principal deles é o sistema nervoso central, o cérebro da criança — explica o infectologista Fernando Gatti de Menezes, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)