Estatuto completa 20 anos e Senado analisa aperfeiçoar conselhos tutelares

Da Redação | 13/07/2010, 00h00

 

Horta de produtos orgânicos que integra projeto do voluntário Mario Viggiano, da

Rede Solidária Anjos do Amanhã, idealizada pelo juiz Renato Scussel, da 1ª Vara

de Infância do DF

 

Apontado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como o país que possui o maior sistema de garantias de direitos da criança, o Brasil ainda integra o grupo que mais viola esses direitos. O que explica essa aparente contradição é a existência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 20 anos nesta terça-feira. ¿Está entre as mais modernas do mundo¿, sustenta o consultor do Unicef Benedito Rodrigues dos Santos, que integrou o grupo de redação que elaborou o ECA.

Promulgada em 13 de julho de 1990, a Lei 8.069 incorporou, segundo o consultor, os avanços de um século expressos na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (a ONU adota essa classificação para a faixa etária até 18 anos), aprovada em 1989. Além dessa ¿sinergia histórica¿, o ECA inovou ao criar os conselhos tutelares (CTs), cuja concepção é considerada única no mundo. ¿Eles tiraram da invisibilidade uma série de violações que a sociedade desconhecia, como a violência física dentro dos lares e os abusos sexuais dentro das famílias¿, avalia Santos, que foi coordenador-geral do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).

Ao evidenciar esses casos, as estatísticas cresceram. Os CTs, que são municipais, tornaram-se a porta de entrada das queixas e denúncias das violações dos direitos infanto-juvenis. Mas depois de duas décadas de existência, a maioria dos especialistas considera que são as diferenças entre os 5.472 CTs, que atendem 98,3% dos municípios brasileiros — conforme o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de maio desse ano, apenas 92 cidades não possuem CT —, que impedem os avanços do ECA.

O aperfeiçoamento dos CTs está na pauta do Senado. Dois projetos de senadores do PSDB, um de Arthur Virgílio (AM), PLS 119/08, e outro de Lucia Vânia (GO), PLS 278/09, estão sendo analisados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) deve apresentar nos próximos dias a nova versão do seu relatório, com um texto alternativo aos dois projetos, sugerindo várias modificações importantes.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)