Agência Senado 25/09/2018, 13h41 - ATUALIZADO EM 25/09/2018 - 13h41
Ele acabou de completar um ano de vida e daqui a pouco não se lembrará, mas Gabriel Avelar teve que utilizar órtese craniana por sete meses. Nascido com insuficiência respiratória, ficou cinco dias na UTI quando saiu da sala de parto. Embora as enfermeiras sejam orientadas a mudar o recém-nascido de posição a cada duas horas, não havia muito a ser feito com Gabriel devido aos aparelhos respiratórios. Resultado: ele sofreu plagiocefalia — alterações na forma do crânio geralmente devido à posição constante.
Assim que percebeu alterações no formato da cabeça, a mãe, Raquel Avelar, procurou o pediatra, que constatou a plagiocefalia. Ela ressaltou que o diagnóstico precoce foi fundamental para a rápida correção do problema.
— Foi um susto, porque a gente desconhecia esse tipo de problema — disse.
Segundo o neurocirurgião Luiz Márcio Marinho, quando não corrigida a tempo, a plagiocefalia pode trazer consequências funcionais, estéticas e neurológicas definitivas.
O diagnóstico precoce, como o que salvou Gabriel, ainda é um desafio no Brasil. Muitos problemas são detectados em fase avançada, impedindo ou atrapalhando o tratamento, como ressalta a geneticista Lavínia Schüler-Faccini, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
— Quanto mais cedo se identificar qualquer tipo de doença, menos difícil será a implementação de medidas para uma cura rápida e efetiva.
Além de um estilo de vida mais saudável, identificar problemas cedo é importante para garantir tratamento adequado, conforme destacou o senador Eduardo Amorim (PSDB-SE), que é médico, em sessão especial para marcar o Dia Mundial do Rim, em março. Ele lamentou a falta de atenção do governo federal e a dificuldade para os pacientes encontrarem serviços como a diálise, por exemplo.
— Existe um verdadeiro descompasso. Em muitas localidades, há um vazio assistencial e pacientes precisam viajar horas e horas para ter atendimento — disse.
Programas de detecção de doenças durante os primeiros meses e anos de vida evitam males irreversíveis que podem custar caro às vítimas, às suas famílias e ao Estado. O Ministério da Saúde, no entanto, ainda não dispõe de ação específica com esse fim, ficando a cargo da população buscar atendimento e fazer exames periodicamente.
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