Para IFI, lentidão e incerteza da recuperação econômica farão PIB ainda menor

Da Redação | 11/06/2018, 19h08

A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou seu Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) do mês de junho, no qual traz análises sobre macroeconomia, conjuntura fiscal, carga tributária e orçamento de 2018. De acordo com o documento, a retomada do crescimento econômico tem ocorrido em ritmo lento, o que pode vir a confirmar previsões pessimistas acerca do crescimento do PIB deste ano.

A IFI reviu sua própria estimativa para o PIB em 2018 para algo próximo a um aumento de 2%. Nos últimos meses, a previsão se mantinha em 2,7%. Além disso, a instituição afirma que crise na Argentina e os desdobramentos econômicos da paralisação do transporte de cargas, ocorridos em maio, devem ter efeitos negativos na atividade produtiva, o que pode ocasionar nova estimativa do crescimento do PIB deste ano.

A previsão para o resultado primário de 2018 continua em R$ 141,8 bilhões negativos, cálculo que não incorpora o crescimento menor que o previsto do PIB do primeiro trimestre e a perda de arrecadação com subvenções e tributos devido à paralisação dos caminhoneiros. A IFI acredita que o governo federal vai conseguir cumprir as regras do teto de gastos e a meta primária de R$ 159 bilhões negativos, prevista no Orçamento em vigor, mas não deverá ter folga alguma ao fim do exercício.

O documento também registra que a produção agropecuária não deve conseguir repetir em 2018 o mesmo desempenho do ano passado, quando teve papel destacado na retomada da economia. A construção civil continua com desempenho negativo, o que limita a recuperação do setor industrial. Renda e emprego ainda estão em recuperação lenta e os investimentos públicos continuam contraídos.

A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), mostra a IFI, ficou em 12,9% da força de trabalho em abril de 2018, número menor que o apurado em abril de 2017 (13,6%). Entretanto, a melhora se deu principalmente com empregos informais, sem carteira assinada.

Ainda de acordo com a IFI, há risco de o país só conseguir gerar superávit primário após 2023 e uma das causas poderão ser as subvenções negociadas pelo governo federal para colocar fim à greve dos caminhoneiros.

O viés de baixa na expectativa de crescimento econômico e no vigor do mercado de trabalho, associado à ampliação da despesa com subvenção, pode contaminar não apenas este como também os próximos anos, de maneira que não se pode desprezar um choque negativo na velocidade do processo de consolidação fiscal do país. A reversão de déficit para superávit primário, esperada apenas para 2023 no cenário básico, pode sofrer importante deterioração em resposta às surpresas macroeconômicas”, diz o RAF.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)