Aposentados sofrem descontos indevidos desde 2019, aponta defensora pública — Rádio Senado
CPMI do INSS

Aposentados sofrem descontos indevidos desde 2019, aponta defensora pública

A defensora pública Patricia Bettin Chaves foi a primeira depoente da CPMI do INSS. Patrícia afirmou que pelo menos 500 cidadãos desde 2019 buscaram de alguma forma a Defensoria Pública para tratar do assunto de descontos indevidos por associações em suas aposentadorias e pensões. Questionada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) sobre o acordo que contou com apoio da DPU para o ressarcimento dos valores aos aposentados, impedindo o acesso ao dobro dos recursos, Patrícia respondeu que a ideia é dar celeridade às decisões, ao retorno da verba aos cidadãos e o desafogamento da justiça.

28/08/2025, 17h59 - atualizado em 28/08/2025, 18h16
Duração de áudio: 03:49
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

Transcrição
DESCONTOS IRREGULARES DE ASSOCIAÇÕES EM SALÁRIOS DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS ESTAVAM MUITAS VEZES ATRELADOS À CASOS DE CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS. FOI O QUE AFIRMOU A DEFENSORA PÚBLICA PATRÍCIA BETTIN CHAVES, PRIMEIRA DEPOENTE DA CPMI DO INSS. PATRÍCIA AFIRMA QUE A DPU SABIA DE CASOS INDIVIDUAIS DOS DESCONTOS PELO MENOS DESDE 2019. REPÓRTER RODRIGO RESENDE. Patrícia Bettin Chaves, coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Previdenciária da Defensoria Pública da União, foi a primeira depoente da CPMI do INSS. Patrícia fez parte um grupo de trabalho sobre o assunto criado em 2019 e já extinto composto pela própria DPU, pelo Ministério Público, representantes do INSS e outros órgãos de controle. Patrícia afirmou, em resposta ao relator da CPMI, Alfredo Gaspar, do União de Alagoas, que casos individuais já vinham desde 2019, e que pelo menos 500 cidadãos recorreram à Defensoria Pública em casos do tipo. Alfredo Gaspar e Patricia Bettin - Qual foi a primeira vez na sua carreira profissional que foi detectado casos de descontos irregulares? (Patricia) Pelo que eu tenho conhecimento, os descontos regulares de entidades associativas ocorrem, pelo menos na Defensoria Pública da União, desde 2019.  (Gaspar) A senhora pode taxativamente dizer,que só começaram a partir de 2019? (Patricia) Isso eu não tenho como afirmar. Alfredo Gaspar afirmou que relatórios do TCU já apontam que descontos indevidos ocorriam desde 2016. Perguntada pelo relator, Patrícia Bettin afirmou que existiam certos padrões nos descontos de aposentados, inclusive com atrelamento a contratação indevida de crédito consignado. Patricia - Se identificou que esses descontos eles tinham um certo padrão. Então, os valores, como eu já falei, variavam em torno de R$ 30 a R$ 80, R$ 90. Se identificou que esses descontos ocorriam em aposentados e pensionistas, em sua grande maioria, pessoas idosas, mais vulneráveis de baixa renda. Geralmente estava atrelado a um crédito consignado Patrícia Bettin também foi questionada sobre o acordo, do qual a DPU fez parte, de ressarcimento dos valores cobrados indevidos aos aposentados. A senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, quis saber sobre essa opção do acordo, já que o pensionista pode deixar de receber parte de recursos. Damares - se a DPU já tinha como prática nas ações que ganhavam que o ressarcimento tinha que ser em dobro, corrigido, como é que vocês aceitam um acordo que com certeza o ressarcimento não vai ser dobro e não vai ser corrigido? Quais os critérios? Patrícia Bettin afirmou que o acordo firmado privilegiou a celeridade e o desafogamento da justiça, mas não é obrigatório e o atingido pode entrar na justiça. A defensora pública sugeriu como aperfeiçoamento na legislação que possíveis contribuições para associações não sejam feitas em folha, mas por boleto ou de outra forma de pagamento mais individualizada. O deputado federal Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, afirmou que as fraudes iniciaram principalmente a partir da constituição de várias associações fantasmas, que devem ser o foco da investigação. Paulo Pimenta - O GT do Ministério Público Federal tomou conhecimento das fraudes em 2019, tanto é que instituiu o grupo de trabalho dia 11 de abril de 2019, entre outras coisas. Por quê? Pela explosão do cadastramento de entidades fantasmas. Não aconteceu nada em 2019, 2020, 2021, 2022, do ponto de vista objetivo. Senadores e deputados da CPMI também ouviram, mas em uma sessão secreta, o delegado da Polícia Federal Bruno Bergamaschi, responsável pela condução do inquérito da Operação Sem Desconto. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende.

Ao vivo
00:0000:00