Estudo aponta queda da presença feminina na ciência no Brasil

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UMA NOVA PESQUISA COM DADOS DO INEP REVELA QUE A PRESENÇA FEMININA NAS CIÊNCIAS EXATAS ENCOLHEU NO BRASIL PÓS-PANDEMIA.
NO SENADO, UM PROJETO BUSCA INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO DE MENINAS NA ÁREA EM OLIMPÍADAS INTERNACIONAIS. A REPORTAGEM É DE MARINA DANTAS:
O percentual de mulheres que concluem cursos de ciências, tecnologia, engenharias e matemática no Brasil caiu no período pós pandemia, e passou de 53% para 27% de graduadas. É o que revela o novo levantamento da empresa de pesquisa e inteligência de dados, Nexus, com informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, INEP, sobre o cenário acadêmico brasileiro até 2023. Enquanto isso, na última década o ingresso de homens nestes cursos se deu num ritmo duas vezes maior, o que mantém a dura realidade de um perfil majoritariamente masculino na vida acadêmica. Para a gestora da Divisão de Comunicação e Popularização da Ciência do Observatório Nacional, Dra. Josina Nascimento, a queda no percentual de formandas na área das ciências tem origem na sobrecarga vivida na pandemia.
(Dra. Josina Nascimento): "A primeira coisa é a sobrecarga doméstica que nós todas tivemos muito maior, tentando trabalhar, tentando estudar, tentando fazer pesquisa, ao mesmo tempo cuidando da família e com o coração sempre na mão, porque a gente nunca sabia o que ia acontecer. Outra questão também são impactos econômicos porque muitas mulheres tiveram que também sair em busca de trabalho e isso também certamente dificultou a conclusão dos estudos."
Os dados reforçam que, apesar de serem minoria, as mulheres continuam buscando seu espaço dentro do âmbito acadêmico brasileiro. E como forma de incentivo, o Senado pretende criar o Prêmio Meninas Olímpicas, voltado para as estudantes do ensino fundamental, médio ou do primeiro ano do ensino superior em olimpíadas científicas internacionais.De autoria da senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, a proposta foi aprovada em forma de texto alternativo na Comissão de Educação e Cultura no ano passado, sob relatoria do senador Beto Martins, do PL de Santa Catarina.
(Beto Martins): "Iniciativas inspiradoras como essa se fazem necessárias num contexto em que a presença feminina é inversamente proporcional ao prestígio das olimpíadas ou dos espaços de poder. O incentivo à participação de meninas e jovens mulheres em olimpíadas científicas contribuirá para ruptura com uma realidade de baixos percentuais de premiadas e, por conseguinte, poderá oportunizar o aumento da presença feminina em posições estratégicas na sociedade."
O projeto ainda deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça. Sob supervisão de Samara Sadeck, da Rádio Senado, Marina Dantas.

