Conheça Josué de Castro, inspiração de missão de combate à fome lançada na Comissão de Direitos Humanos
Além de médico, Josué de Castro (1908-1973), nascido em Recife, foi geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome com reconhecimento mundial. Autor de mais de 30 livros, descreveu a fome como um fenômeno social. Na obra "Geografia da Fome no Brasil" (1946), o ativista desnaturalizou a pobreza e explicou os fatores que levam à falta de comida. A Comissão de Direitos Humanos lançou uma missão de combate à fome que leva o nome do brasileiro.
Transcrição
A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS LANÇOU UMA MISSÃO DE COMBATE À FOME, QUE LEVA O NOME DE JOSUÉ DE CASTRO.
O BRASILEIRO, RECONHECIDO MUNDIALMENTE, FOI PIONEIRO EM ESTUDOS SOBRE A FOME E A DESNUTRIÇÃO. REPÓRTER BIANCA MINGOTE.
Josué Apolônio de Castro, mais conhecido como Josué de Castro, nasceu nem Recife em 1908 e aos 21 anos se formou em medicina. Ele também foi geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome. Com reconhecimento mundial, Josué de Castro foi pioneiro em estudos sobre a fome e a desnutrição, e dedicou a sua vida à luta contra a falta de comida e a injustiça social. Em seus estudos, o recifense investigou as relações entre as causas da insegurança alimentar e nutricional e a desigualdade e a pobreza.
Autor de mais de 30 livros, o brasileiro descreveu a fome como um fenômeno social. Inclusive, na obra "Geografia da Fome no Brasil", escrita em 1946, além de retratar a situação e as raízes da fome no País, o ativista desnaturalizou a pobreza e explicou os fatores geográficos, biológicos, culturais e políticos que levam à fome. Em uma das frases emblemáticas, Josué aponta que “Toda a terra dos homens tem sido também até hoje terra da fome”.
Para o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, presidente da Comissão de Direitos Humanos, que pediu a audiência para lançar a missão de combate à fome que leva o nome de Josué de Castro, a obra "Geografia da Fome no Brasil" possui caráter atual para as discussões sobre este cenário no Brasil.
Senador Paulo Paim (PT-RS): "Um visionário cuja vida foi dedicada à luta contra a fome e à defesa dos direitos humanos. Josué de Castro levantou a bandeira da justiça alimentar em um mundo onde a abundância coexiste com a carência. Sua obra seminal, Geografia da Fome, lançada em 1946, continua a ser um farol que ilumina as sombras da desigualdade, revelando as raízes profundas da privação e da miséria no Brasil."
Durante o lançamento da Missão Josué de Castro, o frei Sergio Antônio Gorgen, representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, ressaltou a importância de garantir a alimentação adequada às crianças para a formação nutricional e intelectual. Ele destacou o respeito ao legado de Josué de Castro.
Frei Sergio Antônio Gorgen: "E isso é reforma agrária, e isso é mudar o país, e isso é construir um futuro, porque com crianças passando fome, tu não recupera mais isso depois, porque é a formação do organismo, é a formação do cérebro, é a formação do corpo integral pra poder se desenvolver, ser feliz e seguir adiante. Então relembrar Josué de Castro. Nós queremos que a memória de Josué de Castro nos acompanhe o tempo todo."
Além da dedicação ao movimento nacional contra a miséria e a fome, Josué de Castro contribuiu para questões internacionais e para a imagem internacional do Brasil no cenário mundial. Ele foi ainda deputado federal por dois mandatos, oportunidade em que apresentou projetos sobre reforma agrária e regulamentação da atuação profissional dos nutricionistas. Em 1951, presidiu o conselho executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. E, seis anos depois, em 1957, fundou a Associação Mundial de Luta Contra a Fome. À época do golpe militar em 1964, Josué perdeu o cargo de embaixador do Brasil nas Nações Unidas. Exilado na França, Josué de Castro faleceu em Paris em 24 de setembro de 1973. Sob a supervisão de, Hérica Christian, da Rádio Senado, Bianca Mingote.