Senadores apoiam investigação de empresários que se beneficiam do garimpo ilegal nas terras ianomâmi
Os senadores de Roraima, Chico Rodrigues (PSB), e Dr. Hiran (PP), integrantes da Comissão Temporária Externa dos ianomâmis, apoiaram as operações da Polícia Federal em busca dos empresários que se beneficiam do contrabando de ouro dos garimpos ilegais. Dr. Hiran considera “nefasta” a ação das empresas que “legalizam” o ouro. Chico Rodrigues argumenta que os garimpeiros são o elo mais frágil desse esquema.
Transcrição
SENADORES DE RORAIMA APOIAM AÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL DE COMBATE À VENDA DO OURO EXTRAÍDO DE GARIMPOS ILEGAIS DE TERRAS IANOMÂMIS.
AS INVESTIGAÇÕES JÁ APONTARAM LUCROS DE QUATRO BILHÕES DE REAIS DOS RESPONSÁVEIS PELA EXPORTAÇÃO DO PRODUTO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Em parceria com o Ministério Público Federal, a Polícia Federal deflagrou duas operações contra o garimpo ilegal e o contrabando de ouro extraído de reservas na região Norte. As investigações revelaram a existência de empresas de fachada que legalizavam o ouro extraído sem autorização que era vendido para os Estados Unidos, Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos. A PF estima que entre 2020 e 2022, 13 toneladas de ouro avaliadas em R$ 4 bilhões foram fruto desse esquema. A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 2 bilhões em bens dos investigados de Roraima, Pará, Amazonas, Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal. Um dos integrantes da Comissão Temporária Externa, que acompanha a situação dos ianomâmis, senador Dr. Hiran, do PP de Roraima, ressaltou que o contrabando de ouro tem muitos impactos financeiros.
Tudo tem que ser investigado porque infelizmente como esse ouro é produzido numa área que ela não tem nenhum tipo de participação do governo e não se reverte em termos de impostos para a população brasileira, nós precisamos saber quem está ganhando dinheiro com isso porque isso é absolutamente nefasto para o País. Temos conhecimento que esse ouro está saindo do nosso país, não se paga nenhum imposto por isso, isso não se reverte em bem-estar para o povo brasileiro. Isso é algo extremamente ruim e acho que a Polícia Federal está fazendo um grande trabalho.
Já o senador Chico Rodrigues, do PSB de Roraima, que é o presidente da Comissão Temporária, também lembrou que os garimpeiros são vítimas desse esquema.
É extremamente importante porque os milhares de garimpeiros que estão ali são o lado mais frágil do processo. Os investidores, os donos de máquinas, os empresários principalmente que financiam garimpo e que compram a riqueza que está ali naquelas terras, que é o ouro. Eles, na verdade, é que têm que responder e não os garimpeiros, coitados, porque eles são pais de família, mães de família, que tangidos pela necessidade do desemprego, da falta de apoio e oportunidade para ali eles vão levados na esperança, no sonho de encontrar um Eldorado.
Segundo a Polícia Federal, o esquema do contrabando contava com pequenas empresas que recebiam notas fiscais do ouro ilegal e emitiam novas notas para empresas maiores e exportadoras, que legalizavam assim o produto com direito a estoques fictícios. Os crimes investigados são o de aquisição ou comércio de ouro obtido a partir da usurpação de bens da União, o de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a licença; o de lavagem de capitais e o de organização criminosa. Da Rádio Senado, Hérica Christian.