Brasil comemora Dia Nacional da Mata Atlântica em 27 de maio e senadores defendem a preservação do bioma
O Brasil comemora neste domingo, 27 de maio, o Dia Nacional da Mata Atlântica. O bioma brasileiro mais devastado também é uma das áreas de maior biodiversidade do mundo. o Congresso Nacional já aprovou uma série de leis e analisa outras propostas para manter a floresta em pé e revitalizar a mata devastada.
Transcrição
LOC: O BRASIL COMEMORA NESTE DOMINGO, 27 DE MAIO, O DIA NACIONAL DA MATA ATLÂNTICA.
LOC: O BIOMA BRASILEIRO MAIS DEVASTADO TAMBÉM É UMA DAS ÁREAS DE MAIOR BIODIVERSIDADE DO MUNDO. O CONGRESSO NACIONAL JÁ APROVOU UMA SÉRIE DE LEIS E ANALISA OUTRAS PROPOSTAS PARA MANTER A FLORESTA EM PÉ E REVITALIZAR A MATA DEVASTADA. REPÓRTER GEORGE CARDIM.
Téc: Quando o navegador português Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil em abril de 1500 a primeira coisa que ele avistou foi a Mata Atlântica. Imensa, imponente e exuberante, com seus micos leões, bichos-preguiças, papagaios, orquídeas e jequitibás. Com o nome de uma de suas árvores, ele batizou o novo país: Pau brasil. Já na primeira semana, a esquadra portuguesa derrubou alguns troncos para esquentar a comida e construir a cruz para a primeira missa, em um domingo de páscoa, na praia da Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália, no sul da Bahia. Daí em diante, o desmatamento não parou.
Téc: (Xangai - Matança) “De nada vale tanto esforço do meu canto, pra tanto espanto tanta mata haja vão matar, tal Mata Atlântica e a próxima Amazônia, arvoredos seculares impossíveis replantar...”
(Rep) Em cinco séculos de exploração econômica e ocupação humana, o bioma brasileiro mais devastado foi reduzido a cerca de 10 por cento de sua área original.
(BG: Som buzinas e motoserra) Os números da Mata Atlântica são superlativos. A vegetação se estende pela faixa litorânea desde o Piauí até o Rio Grande do Sul, passando por 17 estados em 3400 cidades. Na região, moram sete em cada dez brasileiros, responsáveis por 80 por cento da riqueza produzida no país. Também é considerada pela ONU com um dos hot spots do planeta, uma das maiores áreas de biodiversidade do mundo ameaçada de destruição, com mais de 20 mil espécies de plantas, 850 de aves e 720 tipos de anfíbios e peixes, como explicou o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani:
(Mario) “Mesmo reduzida a tudo isso ela ainda tem uma das maiores biodiversidades do planeta, espécies endêmicas, espécies que só existem aqui. Mas o mais interessante é que na região sul da Bahia, lá em Ilheus, em Itacaré, o jardim botânico de Nova Iorque, os estudiosos do mundo inteiro identificaram a maior biodiversidade do planeta, 450 espécies arbóreas por hectare, diferentes espécies por hectare. Para se ter uma idéia, na Europa quando tem muito tem 20”.
(Rep) Suas florestas tropicais, matas de araucárias, mangues, restingas e brejos também serviram de cenário e inspiraram escritores, autores de novela, músicos e pintores de diferentes sotaques, como Jorge Amado, Benedito Ruy Barbosa, Rugendas, Chico Buarque e Chico Science. No documentário Visão do Paraíso, o maestro Antônio Carlos Jobim revelou que toda a sua obra foi inspirada na Mata Atlântica, que ele chamava de floresta mágica
(Tom) “A decorrência, a música toda que eu fiz, tudo o que eu fiz, é uma decorrência da mata Atlântica, da floresta atlântica”
(Téc: Águas de março com Tom Jobim) “É peroba do campo, é o nó da madeira, caingá, candeia, é Matita pereira. É madeira de vento, tombo da ribanceira, é o mistério profundo, é o queira ou não queira”
(Rep) Parlamentares e ambientalistas apontam avanços na legislação e lembram que o Congresso Nacional já aprovou leis que buscam preservar suas riquezas naturais e revitalizar suas as áreas degradadas. A principal delas foi a inclusão do bioma como patrimônio Nacional na Constituição de 1988, há 30 anos. Também citam a Lei da Mata Atlântica, de 2006, que protege as áreas remanescentes, valoriza quem preserva e cria um fundo de restauração. No mesmo sentido, uma medida provisória aprovada em maio de 2018 cria um fundo para compensação ambiental. Os recursos arrecadados vão financiar a criação de áreas de preservação já previstas e ajudar na manutenção dos parques e reservas já existentes. O senador Ricardo Ferraço, do PMDB do Espírito Santo, destacou que a iniciativa beneficia as unidades de conservação na Mata Atlântica e incentiva a educação ambiental e o ecoturismo.
(Ferraço) “Os parques nacionais organizados, que são o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Nacional do Iguaçu, sozinhos, recebem, por ano, aproximadamente, 4,5 milhões de pessoas, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo para conhecerem esse potencial, essa biodiversidade extraordinária.
(Rep) Mas mesmo com a legislação existente, os senadores reconhecem brechas e denunciam a falta de fiscalização. O senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, lamentou a situação dramática do Rio São Francisco, que, recentemente, secou pela primeira vez em sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. A Mata Atlântica abriga sete das nove principais bacias hidrográficas do país, entre elas a do velho Chico, que, segundo Otto Alencar, vai morrer se não for revitalizado
(Otto) “O homem, com a sua mão, com o seu machado, com o seu serrote, está desmatando as margens e provocando o chamado assoreamento dos afluentes e da calha principal, além da erosão e da contaminação pelo esgoto. A Mata Atlântica pode caminhar com a matança das árvores para a mesma coisa. Eu poderia dizer que derrubar, cortar uma árvore na beira de um rio, podia ser considerado um crime contra a humanidade”
(Rep) Além do assoreamento dos rios, os senadores apontam que a derrubada da floresta nativa reduz o volume de chuvas, altera o clima e prejudica o abastecimento de água na região, como explicou o senador Hélio José, do PSD do Distrito Federal.
“Devemos nos conscientizar de que a secura nos reservatórios resulta de uma perversa combinação de ciclos naturais de aquecimento global, causado pelo homem, e, contextualmente, pela criminosa destruição da Mata Atlântica das regiões dos rios e mananciais”
(Rep) Os parlamentares também debatem e analisam uma série de projetos para manter as árvores em pé e revitalizar as áreas degradadas. Entre eles, uma proposta de Desmatamento zero, que proíbe o corte de floresta nativas no Brasil, encaminhada ao Senado com a assinatura de 1,4 milhão de brasileiros e o apoio de organizações e movimentos da sociedade.
(Téc: BG Matança) Quem hoje é vivo, corre perigo, e os inimigos do verde da sombra, o ar, que se respira , e a clorofila, da mata virgem destruída é bom lembrar...”