Congresso devolve simbolicamente mandato de João Goulart — Rádio Senado

Congresso devolve simbolicamente mandato de João Goulart

LOC: O CONGRESSO NACIONAL DEVOLVEU SIMBOLICAMENTE O MANDATO PRESIDENCIAL DE JOÃO GOULART. 

LOC: ALÉM DOS PRESIDENTES DO SENADO, RENAN CALHEIROS, E DA CÂMARA, HENRIQUE ALVES, PARTICIPARAM DA SESSÃO SOLENE A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF, MINISTROS DE ESTADO, AUTORIDADES MILITARES E O FILHO DE JANGO, JOÃO VICENTE GOULART. AS INFORMAÇÕES COM A REPÓRTER NARA FERREIRA:

(Repórter) Brasília, 2 de abril de 1964. O então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarava vaga a Presidência da República, tornando possível o afastamento de João Goulart do poder: 

(SONORA) Não podemos permitir que o Brasil fique sem governo, abandonado.É sob a nossa responsabilidade, a população do Brasil, o povo, a ordem, assim sendo declaro vaga a presidência da república e nos termos do artigo 79 da constituição declaro presidente da república o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli. 

(Repórter) 18 de dezembro de 2013, sob a presidência de Renan Calheiros, o Congresso Nacional devolve simbolicamente o mandato de presidente da República a João Goulart 

(Renan Calheiros) declara nula a declaração de vacância da presidência da república efetuada pelo presidente do Congresso Nacional durante a segunda sessão conjunta de 2 de abril de 1964 

(Repórter) O diploma de presidente da República foi entregue ao filho de Jango, João Vicente Goulart. Renan Calheiros destacou que é preciso repor a verdade: 

(Renan Calheiros) objetivamente nos reconcilia com a verdade ao apagar uma nódoa da história brasileira. Anular a sessão na qual foi declarado vago o cargo de presidente da república, quando João Goulart ainda estava em solo brasileiro tentando resistir ao movimento junto com o terceiro exército e sua equipe de governo, representa além de justiça, a exumação da própria história brasileira. 

(Repórter) A sessão em que o ex-presidente foi destituído do poder foi anulada em 21 de novembro passado, por proposta dos senadores Pedro Simon, do PMDB do Rio Grande do Sul, e Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá. Na homenagem nesta quinta-feira, Pedro Simon lembrou que o argumento usado para a cassação do mandato de Jango foi de que ele estava fora do país, em lugar desconhecido. Mas ressaltou já estar provado que Jango estava em Porto Alegre, em pleno exercício de seus poderes constitucionais. 

(Pedro Simon) A história do Brasil vai ter uma página mudada...quais são as consequências práticas disso? Vai mudar a história? Claro que não vai nem queremos mudar...mas esse fato vai mudar, os meus bisnetos vão estudar na história o que de fato aconteceu, e não o que meus filhos estudaram que é o que não aconteceu. 

(Repórter) A sessão que tirou o mandato de João Goulart abriu caminho para o regime militar, que durou até 1985. Oficialmente, João Goulart morreu vítima de um ataque cardíaco, na Argentina, em dezembro de 1976. Mas há suspeita de envenenamento. Os restos mortais foram trazidos recentemente para Brasília para investigação.
18/12/2013, 05h46 - ATUALIZADO EM 18/12/2013, 05h46
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