Ataque à democracia no Brasil é repudiado em diversos países
Da Agência Senado | 09/01/2023, 11h56
Líderes de diversos países que são os principais parceiros comerciais do Brasil, além de outros importantes aliados da América Latina, foram unânimes em repudiar os ataques às sedes dos três Poderes ocorrido no domingo (8) em Brasília. Milhares de militantes bolsonaristas depredaram e saquearam o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou que o governo chinês acompanha com a atenção o que se passa no Brasil, e apoia as medidas do governo brasileiro em defesa da estabilidade política.
"Nos opomos firmemente aos ataques sofridos pelas autoridades, e Pequim apoia as medidas tomadas pelo governo brasileiro para acalmar a situação. Sob a liderança do presidente Lula, o Brasil manterá a estabilidade nacional e a harmonia social", diz Wenbin em comunicado oficial nesta segunda-feira (9).
O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou de "ultrajantes" as imagens dos ataques em Brasília, e o secretário de Estado do governo norte-americano, Anthony Blinken, explicitou que qualquer aventura golpista no Brasil sofrerá forte oposição e rejeição internacional.
"Condenamos os ataques à Presidência, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal. Usar a violência para atacar instituições democráticas é sempre inaceitável. Nos juntamos a Lula para pedir o fim imediato dessas ações”, afirma Blinken.
Outro líder mundial que explicitou a resistência a aventuras golpistas no Brasil foi o presidente da França, Emmanuel Macron.
“A vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada! O presidente Lula pode contar com o apoio inabalável da França”, posta Macron.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que a ação coordenada representa um ataque à democracia e não pode ser tolerada. Já o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que o governo Lula "tem total apoio do Reino Unido" e condenou a tentativa de golpe.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, explicitou que um eventual rompimento da democracia no Brasil pode custar caro ao país.
"Todo meu apoio ao presidente Lula e às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo. Condenamos veementemente o assalto ao Congresso brasileiro e pedimos o retorno imediato à normalidade democrática”.
As cenas perpetradas por vândalos em Brasília também foram repudiadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em nota, a ONU entende que o ocorrido foi "uma séria ameaça às instituições democráticas", e pede às autoridades que defendam a democracia e o Estado de direito.
O papa Francisco também se manifestou sobre a baderna no Brasil. Na missa desta segunda-feira (9) no Vaticano, Francisco disse se preocupar com o enfraquecimento da democracia, "o que não ajuda a resolver os problemas urgentes dos cidadãos".
— Penso nas várias crises políticas em diversos países do continente americano, com sua carga de tensões e formas de violência que exacerbam conflitos sociais. casos do Peru, Haiti e, nas últimas horas, o Brasil. É preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum — pediu o papa.
O porta-voz do governo da Rússia, Dmitry Peskov, também disse a jornalistas que "condena veementemente as ações dos instigadores de distúrbios, e apoiamos totalmente o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva".
América Latina
Diversos líderes de países latino-americanos também abordaram os riscos de isolamento na região em caso de qualquer ruptura da via institucional no Brasil.
Falando também como atual presidente do Mercosul e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, foi enfático.
"Como presidente do Mercosul e da Celac, alerto os países-membros que nos unamos contra esta inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil. Expresso meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu apoio incondicional e do povo argentino a Lula diante diante dessa tentativa de golpe. Aqueles que tentam desrespeitar a vontade da maioria ameaçam a democracia e merecem não só a sanção legal correspondente, mas também a rejeição absoluta da comunidade internacional".
Para a vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, "as imagens de hoje [domingo] em Brasília replicam exatamente as imagens de 1º de junho de 2021 no Capitólio de Washington. Não é acidental”.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chegou a propor que o Brasil seja expulso da Organização dos Estados Americanos (OEA) em caso de qualquer ruptura fora do previsto pela Constituição.
"Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decide atacar. As direitas não têm conseguido manter o pacto de não violência. É hora urgente de reunião da OEA se ela quiser continuar vivendo como instituição e aplicar a carta democrática”.
O presidente do México, Andrés Lopez Obrador, abordou as dificuldades e o isolamento que o Brasil pode enfrentar em caso de ruptura institucional:
"Condenável e antidemocrática a tentativa de golpe dos conservadores no Brasil, incentivados pelas lideranças do poder oligárquico, seus porta-vozes e fanáticos. Lula não está sozinho, tem o apoio das forças progressistas de seu país, do México, do continente americano e do mundo”.
Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, também se manifestou.
"Rechaçamos de forma categórica a violência gerada por grupos neofascistas de Bolsonaro que assaltaram as instituições brasileiras. Nosso respaldo a Lula e ao povo que seguramente se mobilizará em defesa da paz e de seu presidente".
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, também postou mensagem no twitter.
"Condenamos energicamente os atos violentos e antidemocráticos que ocorrem no Brasil, com o objetivo de gerar caos e desrespeitar a vontade popular expressada pela eleição do presidente Lula. Expressamos todo nosso respaldo e solidariedade a Lula e seu governo".
Mesmo líderes latino-americanos eleitos por partidos de direita também repudiarem o quebra-quebra em Brasília. Luís Lacalle Pou, presidente do Uruguai, condenou e lamentou "as ações realizadas no Brasil que ameaçam a democracia e as instituições”. Outro que fez uma condenação veemente foi Guillermo Lasso, presidente do Equador:
"Condeno as ações de desrespeito e vandalismo perpetradas contra as instituições democráticas de Brasília, pois atentam contra a ordem democrática e a segurança cidadã. Manifesto meu apoio e de meu governo ao regime legalmente constituído", diz Lasso.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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