Comissão ouve na quinta Beatriz Matos, mulher do indigenista Bruno Pereira

Da Agência Senado | 13/07/2022, 11h56

Beatriz Matos, mulher do indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari (AM) ao lado do jornalista britânico Dom Phillips, em 5 de junho, deverá ser ouvida nesta quinta-feira (14), às 10h, em audiência pública da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte. Será a quarta reunião do colegiado.

A audiência pública interativa tem a finalidade de obter informações sobre a crescente criminalidade na região do Vale do Javari e sobre a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai). Para isso, os integrantes vão ouvir as famílias das vítimas e fiscalizar as ações do governo em relação aos casos.

O líder indígena e ex-coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) Jader Marubo também deverá ser ouvido pelo colegiado. A comissão é presidida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que fez o convite a Marubo.

“Desde o início do governo Bolsonaro foram denunciados o desmantelamento do aparelho estatal de repressão à criminalidade ambiental, de proteção às minorias, bem como os ataques incessantes contra a imprensa, contexto que está intimamente relacionado com o caso de Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips”, afirma Randolfe, na justificação do requerimento de instalação da comissão.

Na última reunião, os senadores aprovaram o relatório sobre a diligência realizada em Atalaia do Norte (AM) e Tabatinga (AM) por integrantes da comissão, em 30 de junho. No texto, do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), o colegiado pediu à Justiça Federal e ao Ministério Público a federalização das investigações.

Randolfe afirmou que os senadores constataram o abandono do Vale do Javari pelo Estado brasileiro. A situação traduz, segundo ele, uma política deliberada do atual governo de desmonte das estruturas de fiscalização na Amazônia.

— Ficamos particularmente impressionados com as ameaças que existem aos povos indígenas isolados e aos povos indígenas como um todo. O Estado, por opção, deixou de existir no Vale do Javari. Não existe Ibama, os indigenistas são ameaçados, o contingente da Polícia Federal é pequeno. A Amazônia foi liberada para todos os tipos de crimes, foi entregue a criminosos — lamentou Randolfe.

Por meio do Portal do Senado, é possível acompanhar as atividades e ter acesso aos documentos do colegiado, que recebeu a denominação formal de Comissão Temporária Externa para investigar, "in loco", as causas do aumento da criminalidade e de atentados na região Norte (CTENORTE).

Por Mateus Souza, sob supervisão de Sheyla Assunção

Como participar

O evento será interativo: os cidadãos podem enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal e‑Cidadania, que podem ser lidos e respondidos pelos senadores e debatedores ao vivo. O Senado oferece uma declaração de participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso universitário, por exemplo. O Portal e‑Cidadania também recebe a opinião dos cidadãos sobre os projetos em tramitação no Senado, além de sugestões para novas leis.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)