IPCA de 10,06% em 2021 abre nova margem no teto de gastos do governo
Da Agência Senado | 11/01/2022, 18h05
Com o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o espaço fiscal aberto em 2022 será de R$ 112 bilhões. O índice, que mede a inflação no Brasil, teve alta de 0,73% em dezembro, e o aumento total de 2021 ficou em de 10,06%.
A folga fiscal maior é resultado das mudanças efetuadas pelas Emendas Constitucionais 113 e 114, que vieram da PEC dos Precatórios (PEC 23/2021). As emendas mudam a fórmula de cálculo do teto de gastos e limitam o pagamento de dívidas judiciais da União. Grande parte dessa folga será usada para pagar o Programa Auxílio Brasil. Mas, segundo o presidente da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, o espaço fiscal ficou R$ 6,6 bilhões acima do que previa o governo e haverá brecha para outros gastos.
— O espaço aberto no teto de gastos com a PEC dos Precatórios, de R$ 112 a 113 bilhões de reais, é muito superior ao necessário para comportar o novo programa social e vai gerar margem para outros tipos de despesa. É preocupante, porque o espaço criado pela nova regra é artificial e acaba com o teto de gastos em ano eleitoral, criando uma herança difícil de manejar — disse Felipe Salto à Agência Senado, ao adiantar parte da análise do Relatório de Acompanhamento Fiscal que será divulgado no dia 19 de janeiro.
Antes da Emenda 113, o índice de inflação considerado para o reajuste no teto de gastos do ano seguinte era o registrado entre julho do ano anterior e junho do ano corrente. Promulgada em dezembro de 2021, Emenda Constitucional 103 (proveniente da PEC dos Precatórios) determinou que o índice considerado para reajustar o teto de gastos do ano seguinte seja o registrado de janeiro a dezembro do ano corrente. Como a inflação vem crescendo, o índice acumulado de dezembro é maior que o de junho, e o percentual de correção do teto para o 2022 será mais alto.
Para o presidente da IFI, esse “truque”, que alguns chamam de sincronização, também vai dificultar muito a análise do Orçamento, já que o projeto da Lei Orçamentária Anual é enviado ao Congresso em julho do ano anterior, e agora o índice de correção só será conhecido em janeiro, quando são divulgados os dados de dezembro e o consolidado do ano anterior.
Inflação
Após a divulgação do acumulado do IPCA pelo IBGE, senadores se manifestaram sobre o impacto da inflação na vida dos brasileiros. Pelo Twitter, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que o povo está pagando por uma crise gerada pelo governo.
“Inflação de dois dígitos em 2021? A casadinha Guedes/Bolsonaro garante: 10,06%, inflação em dois dígitos pela primeira vez desde 2015. Sabe o que isso significa? Que o povo está pagando (no mercado, na gasolina etc) pela crise causada pelo governo", afirmou.
Na mesma linha, Fabiano Contarato (PT-ES) lembrou que, além de enfrentar o desemprego, os brasileiros ficaram mais pobres com a inflação. “É oficial: os brasileiros, sob o governo Bolsonaro, amargaram o ano com desemprego e, graças à inflação, 10% mais pobres. A política econômica da dupla Guedes e Bolsonaro, que transformou a ida ao supermercado em um filme de terror, vai matar o povo de fome”, lamentou.
Também pelas redes sociais, Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o índice superou as expectativas: “Em 2021, o poder de compra do brasileiro voltou a ser assombrado por uma inflação de dois dígitos. A alta é a maior para o período de janeiro a dezembro em seis anos. O resultado veio acima das expectativas”.
Já o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) ressaltou a diferença que a imprensa faz na análise dos dados. “Para grande parte da imprensa, a alta de preços nos Estados Unidos é causada pelos efeitos da pandemia. Mas, no Brasil, a imprensa diz que essa mesma alta dos preços é culpa do presidente Jair Bolsonaro”. A declaração foi dada no twitter em 17 de janeiro.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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