Senadores repercutem discurso de Bolsonaro na ONU

Augusto Castro | 21/09/2021, 18h41

discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) repercutiu entre os senadores nesta terça-feira (21). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que o presidente da República, entre outros pontos, destacou realizações importantes do Brasil.

— Obviamente que há posições do presidente com as quais eu não concordo, mas são convicções dele, já conhecidas de todos. Portanto, não há grande surpresa em relação à fala do presidente, que é aquilo que ele normalmente prega.

Na opinião do presidente do Senado, o momento é de união e cooperação entre os Poderes, para buscar soluções para os problemas brasileiros.

— Nós devemos respeitar, essa cultura do respeito entre os Poderes. Vamos celebrar o que há de positivo no país neste momento, que é a possibilidade de nós termos entre os Poderes um mínimo de união para dar soluções aos nossos problemas reais.

Pelas redes sociais, alguns senadores manifestaram incômodo com o discurso de Bolsonaro. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o discurso foi mentiroso.

“Mais uma vez, Bolsonaro submete o Brasil a mais um vexame internacional ao defender o tratamento contra a COVID sem eficácia comprovada pela ciência. O discurso de Bolsonaro na ONU repete mentiras. Ataca a imprensa, países irmãos e volta a defender o tratamento precoce. Bolsonaro não discursa para uma Nação, mas para seus extremistas. Uma fala trágica que aprofunda o isolamento do país”, afirmou Rogério Carvalho.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também criticou o discurso.

“Bolsonaro conseguiu um feito extraordinário: levar o cercadinho à Assembleia Geral da ONU. Ignorou totalmente o Brasil real e falou sobre o país imaginário que flutua na bolha de desinformação das redes sociais. É motivo de vergonha mundial, mas não dá para dizer que é surpresa”, escreveu Alessandro.

Na opinião do senador Jean Paul Prates (PT-RN), o Brasil já foi melhor representado na ONU.

“O Brasil já teve dias melhores na cerimônia de abertura da Assembléia da ONU. Bolsonaro mais uma vez apequena a Presidência da República e o país diante de líderes mundiais. Mente, evita falar dos verdadeiros problemas do Brasil e do mundo, e mais uma vez envergonha nosso país”, publicou Jean Paul Prates.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou Bolsonaro.

“O discurso pífio e mentiroso de Bolsonaro na ONU mostra ao mundo a ‘república do cercadinho’, uma vergonha para todos os brasileiros. Mentiu do começo ao fim, repetiu seu negacionismo e mostrou sua limitação cognitiva para todo o mundo”, afirmou Renan.

A senadora Leila Barros (Cidadania-DF) disse que Bolsonaro mentiu.

“O presidente da República foi à Assembleia Geral da ONU para vender mentiras e criar cortinas de fumaça para ocultar os crimes cometidos na gestão da pandemia e reafirmar o negacionismo do seu governo. Ele ao menos ajustou o discurso. Trocou o ‘estamos sem uma mácula de corrupção’ por ‘estamos sem qualquer caso concreto de corrupção’. É uma pena que ele não tenha se aprofundado sobre os casos ‘não concretos’ que a CPI da Covid apontou”, escreveu Leila.

O senador Cid Gomes (PDT-CE) expressou opinião semelhante à da colega.

“Bolsonaro usou o palco das Nações Unidas para mentir. Voltou a propagar remédios ineficazes para combater a covid, isso depois de cerca de 600 mil mortes. Não vacinado, é tratado cada vez mais como pária. Só causa vexame e vergonha a nós brasileiros”, publicou Cid.

Por sua vez, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o Brasil precisa de “Vacina, comida, investimentos e emprego”, mas o presidente leva à ONU “Tratamento precoce, discurso contra a vacina e fake news contra prefeitos e governadores. Vexame!”

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse que o Brasil “foi muito mal representado na ONU” e que a comitiva brasileira teve: “1. o único presidente do G20 que não se vacinou; 2. um ministro da Saúde que fez gesto obsceno a manifestantes; 3. um chanceler que fez ‘arminha na mão’ a manifestantes”.

O discurso do presidente da República também repercutiu na reunião da CPI da Pandemia desta terça-feira (21).

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) rebateu às críticas e esclareceu que a defesa do Governo é sobre a relação entre paciente e médico, que devem ter autonomia para decidir o tratamento.  "O presidente defendeu a autonomia do médico para adotar as medidas que achar necessárias", afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)