CPI da Pandemia ouve diretor do Instituto Butantan nesta quinta-feira

Da Agência Senado | 25/05/2021, 10h26

Diretor do Instituto Butantan — o primeiro centro a fornecer vacina anticovid à população brasileira —, Dimas Covas será ouvido nesta quinta-feira (27) pela CPI da Pandemia. O requerimento de convocação é assinado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

“É necessária a oitiva do senhor Dimas Tadeu Covas para que esclareça todos os detalhes da atuação do Instituto Butantan desde o início da pandemia, especialmente com relação à produção de vacinas”, defende o senador.

A vacina CoronaVac é resultado da associação do instituto com a fabricante chinesa de medicamentos Sinovac Biotech. O imunizante começou a ser aplicado no país em 17 de janeiro deste ano, após muitas divergências entre o governo federal e o governo do estado de São Paulo, o primeiro a comprar a vacina.

Na última quarta-feira (19), no primeiro dia de seu depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi amplamente questionado sobre falas do presidente Jair Bolsonaro contrárias à aquisição da CoronaVac.

Ao negar pressão presidencial contra a compra da vacina, Pazuello foi contestado por diversos senadores. Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que, após crítica de Bolsonaro ao imunizante, o Ministério da Saúde cancelou a intenção de compra que havia anunciado, opinião ratificada por Zenaide Maia (Pros-RN), para quem o presidente da República “desautorizou” Pazuello no episódio da CoronaVac.

O senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou uma gravação com o presidente Bolsonaro dizendo que havia dado ordens para que não houvesse compra da CoronaVac.

Acordo de colaboração

Professor titular de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Dimas Covas está à frente do Instituto Butantan desde 2017. Em junho de 2020, foi o responsável pelo acordo de colaboração firmado com a farmacêutica chinesa para o desenvolvimento clínico do imunizante anticovid.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da CoronaVac no Brasil com base em resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho de 2020 em seis estados e no Distrito Federal.

De acordo com o Instituto Butantan, os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia da CoronaVac é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. 

Até meados de maio, cerca de 70% das doses contra a covid-19 aplicadas no Brasil eram da vacina CoronaVac. Recentemente, o Instituto Butantan paralisou o envase do imunizante no país por falta de matéria-prima importada da China: o ingrediente farmacêutico ativo (IFA).

Crise diplomática

Nesta terça-feira (25), o Butantan recebe 3 mil litros do insumo chinês para a produção de mais 5 milhões de doses. A previsão inicial era de 4 mil litros, que possibilitariam o envase de 7 milhões de doses, mas houve redução do quantitativo enviado pela China.

Com interrupções na produção da vacina e orientação do Ministério da Saúde para que os municípios utilizassem as doses guardadas para a segunda aplicação, como primeira dose, em muitas cidades brasileiras há hoje atraso para a finalização vacinal com a segunda aplicação do imunizante.

Na CPI, senadores apontam que crises diplomáticas com a China, provocadas por declarações presidenciais, estão prejudicando o envio do IFA e atrasando a produção da vacina no país.

Ouvido pela CPI em 18 de maio, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo negou que a condução da diplomacia brasileira durante sua gestão tenha prejudicado a aquisição de vacinas e insumos, especialmente os provenientes da China. 

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) afirmou que o ex-chanceler deixou de fazer referência, durante o depoimento, às citações anteriormente publicadas em blogs e redes sociais contra a China e o governo chinês.

ButanVac

O Instituto Butantan trabalha agora no desenvolvimento de uma nova vacina contra a covid-19: a ButanVac. A produção desse imunizante deverá ser feita totalmente no Brasil, a partir de uma tecnologia que trabalha a inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas. 

Nessa segunda-feira (24), o instituto enviou à Anvisa mais uma remessa de informações sobre o início dos testes em humanos com a ButanVac. Ainda não há previsão para o início da imunização com essa vacina no país.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)