Senadores reprovam declarações de Bolsonaro sobre medidas para combater pandemia

Da Redação | 04/03/2021, 19h15

Senadores criticaram nas redes sociais as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra as medidas de isolamento social tomadas por prefeitos e governadores nos últimos dias. Em cerimônia de inauguração de um trecho da ferrovia Norte-Sul nesta quinta-feira (4), em São Simão, Goiás, o presidente chamou de "mimimi" e "frescura" os decretos de fechamento das atividades para combater a disseminação do coronavírus. Diversos estados e municípios têm adotado medidas de restrições das atividades em decorrência do aumento de contaminados e da falta de leitos nos hospitais para tratar pacientes de covid-19.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) criticou a postura de Jair Bolsonaro em relação às mais de 260 mil de mortes oficialmente ocasionadas pela covid-19 no país. “‘Mimimi’ é o compromisso de Bolsonaro com quase 300 mil mortos, o desprezo pela vida, e a incompetência dele de governar o Brasil. Fora Genocida”, disse Rogério Carvalho, para quem o presidente da República demonstrou “desprezo pela vida”. 

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reagiu à fala de Bolsonaro citando um trecho da música Blues da Piedade, do cantor e compositor Cazuza. “Respondo a ele com os versos do nosso poeta Cazuza: ‘Vamos pedir piedade. Senhor, piedade para essa gente careta e covarde. Vamos pedir piedade. Senhor, piedade. Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem’”, publicou o senador. 

Já o senador Veneziano (MDB-PB) apontou o recorde de mortes que o país contabilizou nesta quarta-feira (3), chegando à marca de 1.910 óbitos decorrentes da coivd-19, e desaprovou o comportamento do presidente da República frente à pandemia. 

“Ao tempo em que, lamentavelmente, perdemos cerca de 2 mil pessoas por dia pela covid, ouvimos do presidente que a dor e a preocupação de milhares de brasileiros são ‘mimimi’”, declarou Veneziano. 

Aglomeração

Bolsonaro também criticou as medidas que estão sendo tomadas pelos estados e munícipios para conter o avanço do vírus em parada feita em Uberlândia, em Minas Gerais, quando estava a caminho de São Simão. Essa manifestação do presidente foi alvo de críticas do senador Cid Gomes (PDT-CE) que reprovou a atitude.

"Continua o desrespeito de Bolsonaro à vida. Agora, em visita a cidades do Triângulo Mineiro. É um comportamento padrão: minimiza o vírus, aglomera sem máscara e expõe sua covardia. Voltou a culpar prefeitos, governadores e a imprensa. Não esperem nada de bom desse incapaz", disse Cid Gomes.

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que esse momento da pandemia é o “mais triste da história desse país” e chamou o chefe do Executivo de irresponsável.  “É o pior momento da pandemia. O momento mais triste da história desse país. O mundo inteiro em choque. Famílias destruídas e Bolsonaro sendo o irresponsável que ele é. Maluco”, afirmou o parlamentar. 

Recorde de mortes 

O senador Paulo Rocha (PT-PA) também condenou o discurso de Bolsonaro contrário às recomendações de isolamento social e observou que a pandemia no país está em descontrole. 

“Ele é um asqueroso. São quase 260 mil mortos, estamos chegando em 2 mil óbitos por dia. A pandemia no Brasil está completamente em descontrole. Bolsonaro mais uma vez debocha dos brasileiros que perderam as vidas e as famílias em luto”, afirmou o senador. 

Pandemia no Brasil 

O Brasil vive o pior momento da pandemia desde a confirmação do primeiro caso de covid-19 em fevereiro do ano passado, batendo o recorde de mortes, nesta quarta-feira, quando contabilizou 1.910 óbitos pela doença em 24 horas. Até o momento, o país perdeu mais de 260 mil cidadãos para o coronavírus. O total de pessoas contaminadas no país já se aproxima de 11 milhões, com cerca de 9,5 milhões de brasileiros recuperados. 

De acordo com o levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa, pouco mais de 7 milhões de pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra covid-19, e mais de 2 milhões tomaram as duas doses. No total, 9.655.115 doses foram aplicadas em todo o país, o que representa apenas 4,56% da população. 

Ana Luísa Santos, com supervisão de Paola Lima 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)