Comissão homenageia piloto morto após acidente em operação no Pantanal

Da Redação | 30/10/2020, 13h40

Um homem brilhante, amigo e querido por todos os que tiveram a oportunidade de gozar de sua convivência. Assim foi definido o comandante Renato de Oliveira Souza, de 55 anos, que morreu na terça-feira (27), em decorrência de complicações de saúde após a queda de uma aeronave da Força Nacional que ele pilotava para ajudar no combate aos incêndios no Mato Grosso. A homenagem foi feita nesta sexta-feira (30) pela comissão temporária externa do Senado que acompanha as ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal.

O acidente ocorreu no dia 8 de outubro, em Poconé, a 104 quilômetros de Cuiabá. De lá, Renato foi transferido em uma UTI aérea para o Rio de Janeiro, onde continuou o tratamento em casa. Ele recebeu alta no dia 21, mas morreu seis dias depois devido a um quadro de falta de ar súbito.

Um vídeo de homenagem a Renato foi apresentado na cerimônia. O presidente da comissão, Wellington Fagundes (PL-MT), ressaltou que o dia 8 ficará marcado para sempre na vida de todos. Para o senador, o acidente que vitimou o comandante faz lembrar o empenho diário de todos no combate às queimadas. Pessoas como pilotos, brigadistas, voluntários, quilombolas, ribeirinhos e proprietários rurais, disse.

— Renato era um apaixonado por mergulho, um militar dedicado, que lutou e morreu exercendo com nobreza sua atividade profissional. Aos familiares e amigos, espero que o tempo transforme essa dor da perda em uma saudade serena, que acalme o coração, ao invés de fazê-lo sofrer. Como diz o ditado: “não existe partida para aqueles que permanecerão eternamente em nossos corações”.

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) destacou que Renato foi a primeira vítima fatal das ações de combate aos incêndios na região. Ela mencionou a necessidade do fortalecimento de ações que garantam a preservação das vidas, tanto humanas quanto animais. Referindo-se ao comandante Renato como “herói sem capa”, a senadora mencionou o empenho dele em outras operações críticas do país, como a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro de 2019.

— Finalizou [a carreira] sorrindo, mandando mensagens, porque estava prestando um serviço que era a vocação dele. Sabemos que a dor é grande. Mas quero deixar minha singela homenagem e agradecimento por tudo o que ele fez pelo nosso país, com muita honra e hombridade.

Amigo de Renato, Eduardo Macedo destacou a experiência do piloto também como mergulhador. Ele informou que uma placa será fincada no fundo do Lago Paranoá, em Brasília, em memória à descoberta de estruturas antigas da época da construção da cidade por Renato, em um de seus mergulhos.

— É uma perda inestimável, que a gente ainda não consegue entender. Tinha um carinho enorme pelas pessoas, capacidade ímpar de conseguir achar o lado bom de todos. Sempre procurava entender as necessidades de cada um, e de um coração impressionante. Vai ficar um buraco enorme — afirmou o mergulhador.

Renato era agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O comandante do 6° Distrito Naval, contra-almirante Sérgio Gago Guida, ressaltou as dificuldades da operação que culminou com o acidente em Poconé e cujas causas ainda estão sendo investigadas.  

O coordenador-geral de Planejamento e Operações da Força Nacional de Segurança Pública, Rodrigo Wilson Melo de Souza, disse ser difícil falar de Renato. Ele observou que o comandante era integrante direto da equipe, com diversos planos de trabalho, treinamentos e projetos de crescimento da Força Nacional. Além de amigo, Souza referiu-se ao piloto como uma das primeiras pessoas a recebê-lo em Brasília e “por quem tinha um apreço muito grande”. 

Já o coronel Alessandro Borges Ferreira, comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, reconheceu os riscos da atividade e afirmou que todas as medidas para evitar incidentes e socorrer eventuais casos, como o que vitimou Renato, ocorrem de forma ágil. Ferreira falou do reconhecimento que a comissão temporária do Senado tem feito às pessoas que estão trabalhando para preservar o Pantanal. E parabenizou os senadores pela homenagem póstuma ao piloto da Força Nacional.

— O que houve com o comandante Renato deixou a todos tristes. Estivemos com ele para nossa despedida [em MT], ele muito contente, voltando para casa, mas não sabíamos dos desígnios de Deus. Estamos consternados junto a seus familiares e amigos, pois se tratava de uma pessoa comprometida, realizando esse trabalho pela fauna e flora mato-grossense — lamentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)