Senadores condenam apoio de Bolsonaro a manifestações em meio a coronavírus

Da Redação | 16/03/2020, 11h44

Senadores usaram suas redes sociais para comentar os atos pró-governo neste domingo (15) em diversas cidades brasileiras. A maior parte dos parlamentares condenou a participação do presidente Jair Bolsonaro na manifestação em Brasília em meio ao aumento dos casos de coronavírus no país.

Contrariando as recomendações médicas de isolamento devido ao contato com pessoas diagnosticadas com coronavírus, Bolsonaro cumprimentou manifestantes que carregavam faixas com pedidos inconstitucionais como intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). A conta pessoal do chefe do Executivo no Twitter também compartilhou imagens e vídeos dos atos pelo país. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou como “inconsequente estimular a aglomeração nas ruas” e apontou que Bolsonaro contraria as orientações do Ministério da Saúde.

“A gravidade da pandemia exige de todos os brasileiros, e inclusive do presidente da República, responsabilidade! Todos nós devemos seguir à risca as orientações do Ministério da Saúde”, escreveu o senador.

Pelo Twitter, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também afirmou que “convidar para ato contra os Poderes é confrontar a democracia”.

“É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros”, defendeu o presidente do Senado.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), que já foi ministro da Saúde, Bolsonaro presta um desserviço à nação. Costa afirmou que o presidente deveria dar o exemplo.

“Enquanto líderes mundiais vêm adotando rígidas medidas contra a pandemia do coronavírus, os integrantes do governo Bolsonaro e seus defensores prestam um completo desserviço à nação e ao planeta.”

Já o senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ) saudou as manifestações e afirmou que os atos teriam atraído uma quantidade maior de pessoas não fosse pela pandemia.

“Impressionante o nível das manifestações democráticas de hoje. Se não fossem as recomendações contrárias devido ao coronavírus, as ruas não comportariam o público verde e amarelo. Muito elevado o grau de insatisfação do povo com parlamentares e magistrados”, avaliou.

Enquanto Bolsonaro estimulava as manifestações, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), saiu às ruas para pedir o encerramento do ato na Praça Cívica, em Goiânia, para evitar a disseminação do coronavírus. A atitude de Caiado foi elogiada pelo senador Luiz do Carmo (MDB-GO):

— Eu quero aqui apoiar o governador Ronado Caiado pelo que ele está fazendo para proteger os goianos desse vírus maldito que está chegando no Brasil. A população saberá reconhecer no momento grave dessa crise — afirmou o parlamentar. 

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) alerta que o momento não é de incentivar aglomerações de nenhum tipo:

“Temos de ter clareza: a hora não é para manifestação nas ruas, aglomerações, seja da direita seja da esquerda. Estamos buscando minimizar o impacto do coronavírus. Já manifesto a minha solidariedade a quem passa pela dificuldade de lidar com essa contaminação”.

Outros senadores também se manifestaram pelas redes sociais:

Eliziane Gama (Cidadania-MA): “Surreal. O mundo em isolamento, por conta de uma pandemia, e aqui no Brasil o presidente comemora e ainda acompanha uma aglomeração. Inacreditável”

Renan Calheiros (MDB-AL): “Lamento repetir que a reação dos chefes do Legislativo está aquém dos arreganhos de @jairbolsonaro”

Jean Paul Prates (PT-RN): “É tanto absurdo que não cabe num tuíte espaço para comentar este Circo de Horrores que foram essas 'manifestações' de hoje. Começando pela cobertura presidencial, passando por veículos do Exército desfilando e pastores descredibilizando a gravidade da pandemia. Lamentável ao cubo!”

Paulo Rocha (PT-PA): “Passamos pela maior crise de saúde pública do século 21 e o presidente da República incentiva pessoas a irem às ruas, quando o próprio governo incentiva o contrário? O Congresso Nacional não pode se calar diante de tamanha irresponsabilidade institucional."

Randolfe Rodrigues (Rede-AP): “Qualquer chefe de Estado minimamente sério está tomando medidas duras para conter o avanço do novo coronavírus. Mas o presidente do Brasil irresponsável, está no Twitter comemorando as aglomerações formadas através do seu chamado contra o Congresso e o STF. O nosso país pagará caro!”

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)