CRE analisa indicações de embaixadores para Catar e Grécia

Da Redação | 02/07/2019, 12h16

Os relatórios sobre as indicações de embaixadores do Brasil para o Catar e a Grécia foram apresentados na reunião da Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta terça-feira (2).

Relator da indicação do diplomata Luiz Alberto Figueiredo para a chefia da embaixada brasileira no Catar, o senador Esperidião Amin (PP-SC) destacou a importância do fundo soberano do país árabe (Qatar Investment Authority, conhecido pela sigla QIA) . Figueiredo foi ministro das Relações Exteriores nos anos de 2013 e 2014, durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

— Estima-se que o fundo soberano do Catar possui US$ 320 bilhões em ativos. Pra quem acha que no Brasil deve sempre prevalecer os interesses de Israel no que tange a essa região do globo, é bom estar atento a esse dado... Salaam Aleikum [expressão árabe de cumprimento amigável, também traduzida no Brasil como “salamaleico”]! O Catar, aliás, já tem um estoque de investimentos de US$ 5 bilhões no Brasil, em áreas como transporte aéreo (comprou 10% da Latam), bancos, agricultura, petróleo e gás, editorial e educação (Grupos Abril, Anglo e Sigma; editoras Saraiva, Ática e Scipione). Mas sobressaem os investimentos nos setores imobiliário e financeiro — informou o parlamentar.

Amin ainda rememorou que as relações entre Brasil e Catar tiveram um forte impulso a partir dos anos 2000.

— Houve um aumento de 419% no comércio entre 2007 e 2015, quando chegou a US$ 1,3 bilhão. O saldo da balança comercial foi favorável ao Brasil até 2011, mas começou a apresentar deficits depois, por causa das importações brasileiras de gás e ureia. O Brasil exporta minério de ferro, alumina e produtos alimentícios, com destaque para a carne de frango. E importa gás natural, polietileno e fertilizantes como a ureia.

Por fim, Amin destacou que o petróleo responde por 65% do PIB do Catar e que o país tem hoje, tecnicamente, a mais alta renda per capita do mundo.

União Europeia

Também na reunião desta terça-feira, o senador Zequinha Marinho (PSC-PA) apresentou o relatório que trata da indicação do diplomata Roberto Abdalla para a chefia da embaixada brasileira na Grécia.

— No ano passado, pela primeira vez, o Brasil teve deficit comercial na relação com a Grécia, de U$ 500 mil. No total, o comércio bilateral chegou a U$ 344,9 milhões, bem mais do que em 2017, quando foi de apenas U$ 138,4 milhões. Vendemos mais tabaco, sementes, minérios e combustíveis para os gregos — detalhou o parlamentar.

Zequinha destaca que a convergência entre Brasil e Grécia depende muito das posições da União Europeia (UE), pois geralmente o governo grego acompanha as posições do bloco. O senador acrescentou que o país europeu ainda concentra seus esforços na gestão da crise da dívida, evidenciada a partir da instabilidade financeira internacional de 2008. E que o atual governo, de tendência centro-esquerdista, tentou nos últimos anos angariar apoio no âmbito da UE buscando flexibilizar as políticas de austeridade, defendidas principalmente pela Alemanha. O primeiro-ministro Aléxis Tsípras, que vive agora o fim da sua gestão, também focou esforços na reestruturação da dívida grega junto aos credores oficiais, finalizou Zequinha.

Sabatinas

Pelo protocolo da CRE, os relatórios que tratam da indicação de diplomatas para a chefia de embaixadas sempre são apresentados em datas diferentes da sabatina. Cabe agora ao presidente da comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), definir a data das sabatinas com Figueiredo e Abdalla.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)