Plenário homenageia ações socioambientais do Instituto Mamirauá

Anderson Vieira | 27/05/2019, 13h15

As ações do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) foram fundamentais para garantir a pesca do pirarucu e a preservação dessa espécie, que é a maior de água doce no mundo. O sucesso da iniciativa foi destacado em homenagem no Plenário, nesta segunda-feira (27), para comemorar os 20 anos da organização que atua em políticas públicas em favor da biodiversidade amazônica.

O IDSM é uma organização social criada em abril de 1999 e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Ela desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa sobre a biodiversidade, manejo de recursos naturais e desenvolvimento social, principalmente na região do Médio Solimões, no estado do Amazonas.

Segundo os participantes, a parceria entre a ciência e o saber tradicional das comunidades ribeirinhas acumula resultados positivos nos últimos 20 anos, quando houve aumento médio de 427% dos estoques de pirarucu. No ano passado, por exemplo, a atividade pesqueira gerou mais de R$ 1,5 milhão para as comunidades da região.

— Entre os anos de 1980 e 1990, a população dessa espécie, que chega a medir 3 metros e a pesar 200 quilos, reduzia-se a olhos vistos, em virtude da pressão exercida pelos grandes centros urbanos, como Manaus. Pesados, compridos e com uma constituição respiratória que os obriga a se expor com mais frequência na superfície dos rios, os pirarucus se tornaram presas fáceis diante de pescadores pressionados a atender um mercado em franca expansão. Não é difícil de se presumir que o tamanho médio dos peixes capturados e comercializados começou a diminuir ao longo do tempo, obrigando o país a instituir as primeiras restrições, até que, em 1996, a pesca foi totalmente proibida no Amazonas — explicou o senador Eduardo Braga (MDB-AM), autor do requerimento de homenagem e que presidiu a sessão especial.

Segundo ele, o instituto intensificou as pesquisas que serviram de subsídio para a retomada da exploração comercial e, em 1999, começou um projeto de manejo com regras claras, entre elas o respeito ao tamanho mínimo do pescado e a interrupção da atividade durante o período reprodutivo.

— A filosofia que impulsionou o manejo do peixe símbolo da grandiosidade amazônica repete-se em dezenas de outros projetos. Aí está, talvez, uma das principais virtudes do Instituto Mamirauá — afirmou.

Qualidade de vida

O presidente do IDSM, João Valsecchi do Amaral afirmou que é notável a melhoria dos indicadores de saúde, educação, desenvolvimento social, econômico e tecnológico nos locais de atuação do instituto ao longo de duas décadas. O trabalho se reflete, por exemplo, nos indicadores de mortalidade infantil.

— Nas áreas assistidas pelo instituto, esse índice era de quase 10% há 20 anos. Isso quer dizer que, para cada mil crianças nascidas, 100 morriam antes de completar um ano de idade. Hoje, com os trabalhos relacionados à educação e à saúde, e com as tecnologias sociais implementadas, o índice nessas áreas é próximo à média brasileira e inferior à média do estado do Amazonas. Isso tudo só exemplifica o grande trabalho que realizamos — avaliou o presidente, que aproveitou para pedir apoio às atividades de pesquisa no país.

Morador da Unidade de Conservação Amanã, Edvan Ferreira Feitosa disse que não sabe como estariam as comunidades ribeirinhas se não houvesse o Instituto Mamirauá e outras instituições que ali atuam. A reserva Amanã fica na região central do Amazonas, a 650 km a oeste da cidade de Manaus.

— Não sei como estariam, pois se olharmos hoje, lá no Médio Solimões, as comunidades ribeirinhas que estão assessoradas e as outras que não estão, há uma grande diferença na questão econômica e social. E peço a todos os ministérios esse apoio, para que o instituto continue, permanecendo ali conosco, porque sabemos que vamos dar grandes resultados, não só ao nosso país, mas também ao mundo inteiro, porque estamos no Amazonas, na Amazônia, e temos ciência disso: de que nós estamos ali num pedaço do pulmão do mundo e precisamos permanecer lá para que sejamos guardiões da floresta — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)