Rede pública deve equipar-se para diagnosticar e tratar câncer colorretal, dizem especialistas

Da Redação | 26/03/2019, 18h03

O diagnóstico precoce associado a tratamentos de saúde eficazes e à disseminação de hábitos saudáveis são fundamentais para a redução da incidência de câncer colorretal, segundo os especialistas ouvidos nesta terça-feira (26) em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Para os profissionais da área, é preciso ainda aumentar o conhecimento da população sobre o câncer colorretal, muitas vezes confundido com outras doenças, e equipar a rede pública de saúde para promover o tratamento devido.

A presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz, disse que a doença é totalmente prevenível, mas chamou atenção para as limitações do Sistema Único de Saúde (SUS) diante dos 36 mil novos casos de câncer colorretal verificados por ano no país. Segundo ela, há uma demanda reprimida, causada pela falta de equipamento, por exames de colonoscopia, que são usados para localização e eventual retirada de lesões antes da formação de tumores. O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus). Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.

— Não temos no Brasil hoje uma política de rastreamento de câncer no intestino e temos uma fila imensa para pessoas com sinais e sintomas. Não esqueçamos disso tudo — afirmou

Ela lembrou também a importância de combater a obesidade e o sedentarismo como fatores de risco para o câncer colorretal.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes, a colonoscopia é uma “oportunidade quase única” de reduzir a incidência de câncer, mas os recursos no SUS são distribuídos de forma desigual.

— De cada 10 pessoas com a doença, 8 vão ser curadas pela cirurgia. É uma cirurgia rápida e eficiente, que não tem um grande custo para o SUS — destacou.

Fernandes salientou a importância do diagnóstico precoce do câncer colorretal por meio da pesquisa de sangue nas fezes, antecedendo a eventual convocação do paciente para a colonoscopia. Para isso, segundo ele, é preciso haver uma estrutura e um encadeamento de ações. Gustavo também apoiou políticas como a mudança do padrão de alimentação na escola, que poderão apresentar impacto positivo em 20 ou 30 anos.

O diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Marcelo Campos Oliveira, citou estatísticas que apontam o câncer colorretal como a quarta principal causa de mortes no mundo. Ele admitiu que a rede de saúde pública é heterogênea, há muito a avançar sob a nova administração e é preciso combater desperdícios e más práticas.

— Há muita coisa bem feita no SUS, mas é preciso lapidar. É preciso reconhecer o que foi feito com êxito, enxergar as deficiências e trabalhar as soluções em conjunto — definiu.

A reunião foi realizada a requerimento dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Maria do Carmo Alves (DEM-SE), que presidiu a audiência.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)