CRE aprova indicado para embaixador no Paquistão

Da Redação | 14/03/2019, 16h27

O Paquistão detém gigantescas reservas de carvão praticamente inexploradas, que, se transformadas em energia, equivalem a 50 bilhões de barris de petróleo. A informação foi dada pelo diplomata Olyntho Vieira em sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) nesta quinta-feira (14), quando teve seu nome aprovado para a o cargo de embaixador do Brasil naquele país. A indicação de Vieira segue agora ao Plenário do Senado. Em caso de aprovação, ele acumulará a chefia da representação diplomática brasileira também junto ao Tadjiquistão e o Afeganistão.

— Podemos explorar esta riqueza em conjunto com o Paquistão. O potencial energético deles é superior ao que se conhece hoje de Arabia Saudita e Venezuela somados — informou.

Segundo o diplomata, o Paquistão vem fortalecendo seus laços com a China. Esse processo, disse Vieira, tem relação com a disputas entre Paquistão e Índia pelo controle da região da Caxemira, na fronteira com a China, que é alvo de conflitos desde 1947. Uma das razões para a aproximação com o Paquistão, analisou Vieira, é a Nova Rota da Seda, estratégia geopolítica do governo chinês de telecomunicações e transportes que envolve países da Ásia, África, Europa e, agora, do Pacífico.

— A Caxemira ganhou ainda mais relevância após entrar na Nova Rota da Seda. Mas não é só isso, depois que os EUA se afastaram do Paquistão, este espaço diplomático e militar acabou sendo ocupado pela China, de forma até mais intensa devido à vizinhança entre os dois países. Mas além de tudo a Caxemira é estratégica para o Paquistão, pois vem de lá boa parte da água que abastece o país — disse.

Água

O maior desafio para os paquistaneses, narrou o diplomata, é a segurança hídrica, pois estima-se que por volta de 2050 a nação não terá mais condições de suprir suas necessidades de água potável. Nesse contexto, Vieira garante que o governo do Paquistão deseja ter as melhores relações diplomáticas possíveis com a Índia, a despeito das divergências, já que a Índia possui grandes mananciais de água.

Durante a sabatina na CRE, também foi destacada a importância que os trabalhadores do país que emigraram para os EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália, Arabia Saudita, Emirados Árabes, Catar e União Europeia têm hoje para a economia paquistanesa. Esses trabalhadores, com as remessas que fazem para suas famílias no Paquistão, já são responsáveis por quase 7% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele país.

Por fim, Vieira lembrou que o Paquistão, assim como outros países islâmicos, enfrenta os desafios da globalização.

— A sociedade paquistanesa é muito forte. Há um confronto permanente entre a modernidade social e o conservadorismo islâmico. Existe uma dificuldade com o processo de ocidentalização, porque este movimento é identificado com os Estados Unidos, que não gozam lá de grande prestígio, por causa da invasão ao Afeganistão — concluiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)