Lídice da Mata pede fim da tolerância à violência contra a mulher

Da Redação e Da Rádio Senado | 07/08/2018, 18h38

A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) fez um apelo, nesta terça-feira (7) em Plenário, para que a sociedade não tolere mais a violência contra as mulheres. Ela também pediu o fim do hábito vigente no Brasil de não interferir em briga de marido e mulher.

Lídice lembrou que, nos 12 anos de vigência da Lei Maria da Penha, foram registradas 195 mil ações de proteção à vida da mulher. Ela citou pesquisa do ano passado, feita pelo Instituto Brasileiro de Segurança Pública, que indica que 29% das entrevistadas afirmaram ter sofrido violência física ou verbal, o que equivale a 16 milhões de mulheres.

— Sabemos que o agressor da mulher não é alguém que vai passando na rua. Não é como a violência urbana nas cidades brasileiras. É uma violência doméstica, marcada pela agressão dos seus companheiros, pela agressão do namorado, do ex-namorado, do marido, do ex-marido — ressaltou.

A senadora lembrou ainda que, quando o Congresso Nacional votou o projeto de lei que tipifica o feminicídio, muitos parlamentares afirmaram que a proposta era uma bobagem. Mas os fatos demonstraram o contrário, acrescentou a senadora, ao citar os casos de feminicídio ocorridos nas duas últimas semanas em todo o Brasil, destacando o do Paraná e o do Distrito Federal.

Eleições

Lídice da Mata lamentou a decisão de Marta Suplicy (PMDB-SP) de não disputar qualquer cargo nas próximas eleições. Segundo ela, a senadora paulista se destacou na luta pelos direitos das minorias, em especial, o das mulheres.

Para Lídice, mesmo que Marta Suplicy continue atuando em defesa dos mais fracos, dentro da sociedade civil, sua decisão significará uma mulher a menos no Parlamento. A senadora baiana lembrou que é necessário, na verdade, fortalecer a participação feminina na política e, principalmente, no Congresso Nacional.

Ela citou recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode contribuir para isso, ao exigir que os partidos políticos destinem 30% do dinheiro do fundo eleitoral para a divulgação de campanhas femininas. Lídice espera que essa decisão seja cumprida pelos partidos, apesar de duvidar de sua efetividade.

— É claro que os parlamentares veem com muita expectativa isso tudo, mas na hora de garantir que as mulheres ocupem esse espaço e tenham a possibilidade de ter recursos financeiros para sua campanha, há sempre uma grande reação. Muitas vezes silenciosa, porque há constrangimento de tomar uma posição contra a mulher. Esse já é um legado da nossa luta.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)