Itamaraty quer intercâmbio comercial de US$ 10 bilhões com a Rússia

Da Redação | 20/06/2018, 17h14

Brasil e Rússia mantêm um intercâmbio comercial de cerca de US$ 5 bilhões por ano, "o que é pouco para o potencial dos dois países". Este foi o ponto de vista defendido pelo diplomata Tovar da Silva Nunes em sabatina nesta quarta-feira (20), na Comissão de Relações Exteriores (CRE), que aprovou o nome dele para chefiar a embaixada brasileira em Moscou e, cumulativamente, na República do Uzbequistão. A indicação será analisada agora pelo Plenário.

Nunes disse que o objetivo do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) é que as trocas comerciais entre as duas nações cheguem a US$ 10 bilhões em 2023, crescendo cerca de US$ 1 bilhão por ano. Isto se dará, em parte, por meio de negociações envolvendo barreiras fitossanitárias e tarifárias estabelecidas pelos russos contra produtos brasileiros.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) defende que a maior prioridade deverá ser dada ao embargo russo contra as carnes bovina e suína do Brasil. Essa restrição tem prejudicado enormemente produtores gaúchos que exportavam para o país europeu.

Em resposta à senadora, Nunes afirmou que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, embarcou nesta quarta-feira para a África do Sul com o objetivo de negociar o fim dos embargos durante reunião dos Brics — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e a própria África do Sul. Para o diplomata, "as perspectivas são animadoras".

— Suspender o embargo é prioritário, mas em Moscou focarei também em outros produtos. Eles taxam a cachaça, por exemplo, em 81%, as carnes desossadas, em 37%, as de galo e galinha, em 60%. São tarifas inaceitáveis, impeditivas para que haja comércio — afirmou.

Valor agregado

Além de dinamizar a pauta exportadora ligada a produtos primários, o diplomata avalia que existe um potencial enorme para que cresça a venda de itens com maior valor agregado, como tratores. O Brasil também tem interesse em fechar um acordo de cooperação e facilitação de investimentos (ACFI) com a Rússia, possibilitando laços comerciais mais consistentes.

— Hoje existem empresas brasileiras atuando na Rússia, porém sem nenhum investimento. Essa é uma situação que pode ser modificada. Com o ACFI, será possível, só para citar um exemplo, instalar uma fábrica de frango no Uzbequistão ou no Cazaquistão e dali exportar para a Rússia e outros países que faziam parte da União Soviética.

Ainda sobre o pouco intercâmbio Brasil-Rússia, Nunes lembrou que o país eurasiático comercializa anualmente US$ 50 bilhões com a Alemanha, US$ 24 bilhões com os EUA e US$ 21 bilhões com a Turquia.

Ele disse que empresas russas vêm fazendo investimentos mais consistentes no Brasil. E citou como exemplos a Rosneft, com US$ 1,2 bilhão colocados na exploração de petróleo no Amazonas; a Acron, que comprou uma fábrica de fertilizantes em Três Lagoas (MS); a fabricante de equipamentos Power Machines, que adquiriu a empresa Fezer, de Santa Catarina; e a Rosatom, que investe em energia no Rio de Janeiro, em fármacos no Paraná e no rastreamento de detritos espaciais em Minas Gerais. Além disso, a RZD vem negociando com o governo brasileiro a conclusão da ferrovia Norte-Sul.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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