Aprovada nomeação de embaixador brasileiro no Japão

Da Redação | 06/06/2018, 19h41

Foi aprovada em Plenário nesta quarta-feira (6) a indicação do diplomata Eduardo Paes Saboia, para exercer o cargo de embaixador do Brasil no Japão. A nomeação (MSF 32/2018) recebeu 41 votos favoráveis, 8 contrários e uma abstenção.

Eduardo Paes Saboia é carioca, graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Ingressou na carreira diplomática em 1989. Entre as funções desempenhadas destacam-se a de assessor do gabinete do ministro de Relações Exteriores (2003/2007), assessor diplomático da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (2015/2017) e, desde 2017, é chefe de gabinete do ministro de Relações Exteriores.

Em 2013, Saboia ajudou o senador boliviano Roger Pinto Molina a fugir para da Bolívia para o Brasil. À época, ele substituía o embaixador Marcelo Biato, que estava de férias. Molina era acusado de diversos crimes na Bolívia e alegava ser perseguido politicamente pelo governo de Evo Morales. Com asilo político do governo brasileiro, ele foi trazido para o Brasil em um carro oficial da embaixada até Corumbá, em Mato Grosso do Sul, sem autorização.

O incidente foi lembrado pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que criticou a ação de Saboia. Ela afirmou que, à época, ele justificou o ato dizendo que havia risco à vida do senador boliviano, mas isso nunca havia sido assunto de uma referência ou comunicado oficial por parte do diplomata.

- Por esse ato ele respondeu ao inquérito administrativo e, em 2015, foi condenado a um afastamento temporário. Eu lamento que estejamos votando isso no dia de hoje, porque, repito, alguém que nunca foi embaixador em lugar nenhum já é indicado para o Japão. Não existe meritocracia – afirmou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) também criticou a indicação. Em sua avaliação, o diplomata não estaria capacitado “nem do ponto de vista profissional, nem do ponto de vista da experiência e nem do ponto de vista ético” para representar o Brasil no país asiático.

Coragem

Ex-ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP) foi um dos senadores que saíram em defesa de Saboia. Ele afirmou que uma de suas primeiras medidas no ministério foi a promoção do diplomata.

Serra contou que por duas vezes em sua vida precisou pedir asilo político: uma no Chile e outra na Bolívia. E, nas duas vezes, diplomatas fizeram transgressões protocolares para protegê-lo.

- Foram gestos de coragem e não de desobediência. Eu entendo um diplomata tomar uma atitude como essa para salvar a vida de uma pessoa - elogiou.

O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), com quem o senador boliviano morou por um tempo, também defendeu a atitude de Saboia.

- Eu queria só tentar corrigir essa injustiça. O senador Roger Pinto Molina morou dois anos na minha casa. Eu acompanhei esse senador, que foi perseguido pelo governo Evo Morales, e eu não sei qual o título que nós poderíamos dar ao Eduardo Saboia, mas esse homem merecia um título: esse homem teve a coragem de salvar a vida desse senador.

Educação para brasileiros

Durante a sabatina realizada na manhã desta quarta-feira na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), Saboia foi questionado sobre a difícil condição vivida por milhares de crianças e jovens brasileiros no Japão, que têm apresentado dificuldades de adaptação ao modelo educacional japonês.

Saboia confirmou que essa é uma das principais demandas com que a embaixada e os consulados brasileiros precisam lidar. Mas vê como positivo o fato de a comunidade brasileira naquele país ser unida. Ele disse que escolas particulares têm sido abertas para atender os estudantes brasileiros. Por fim, garantiu que a adaptabilidade desses jovens ao modelo educacional será uma prioridade de sua gestão devido ao caráter humanitário do tema, que deverá contemplar tratativas com autoridades e educadores japoneses.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)