Senadores debatem preço dos combustíveis e a greve dos caminhoneiros

carlos-penna-brescianini | 24/05/2018, 20h36

A crise de abastecimento provocada pela greve dos caminhoneiros foi o principal tema que os senadores debateram nessa quinta-feira (24) no Plenário do Senado.  Os caminhoneiros protestam contra a alta de preço do combustível. A senadora Ana Amélia (PP-RS) criticou a postura do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que defende reajuste de preços diariamente para fazer frente ao valor em dólar do petróleo e dos combustíveis importados.

— Agora, Pedro Parente anuncia abaixar em 10% os preços do diesel por 15 dias. Isso cria uma enorme insegurança ao mercado. Como não podia antes e pode agora? Por que 15 dias? — disse Ana Amélia.

A senadora descreveu as medidas emergenciais que prefeitos gaúchos tomaram para gerenciar seus municípios, tais como suspensão das aulas e confisco dos combustíveis para as ambulâncias. Para ela, é isso que a população espera dos seus governos: ação. A senadora disse ainda que  a população dos estados do Sul compara os preços nas bombas de combustíveis no Brasil com a dos países vizinhos.

— No Paraguai, que é nosso país vizinho, a mesma gasolina da Petrobrás custa menos de R$ 3.

Transparência nos preços

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) pediu a abertura da planilha de preços da Petrobrás, para se entender seus custos. Lembrou que o Brasil se tornou um país rodoviarista, sem ferrovias, dependente do automóvel para tudo. E comentou sobre a pesquisa da CNI sobre a insatisfação da população com os impostos e os cortes de gastos públicos:

— 90% da população são favoráveis a mais gastos com a educação. E esses mesmos 90% são contrários a tirar dinheiro de outras áreas. E esses mesmos 90% não querem mais aumentos de impostos. Como é possível? — disse Cristovam.

O senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) afirmou que já elogiou no Plenário tanto o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, quando o Pedro Parente, da Petrobrás. Mas acredita que agora eles erraram.

— O Banco Central dormiu. O dólar foi subindo, com consequências nos preços dos combustíveis, e somente nesta semana o BC entrou com sua força para segurar a alta. E agora, o Pedro Parente passou do ponto, ao fazer um lucro de R$ 7 bilhões para a Petrobrás no primeiro semestre através desses aumentos de preços sobre a população.

Desgoverno

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) afirmou que a população está cansada do tamanho do Estado. E que o peso da carga tributária é imoral. Cássio afirmou que se o presidente da Petrobrás não se demitir, que seja demitido. E que os reajustes diários dos combustíveis são inaceitáveis.

— Reajuste diário é coisa de hiperinflação. Não é o caso. Não se pode salvar a Petrobrás e quebrar o Brasil. Ele não percebe que, com sua arrogância, vai apagar o incêndio jogando a gasolina. A gasolina da Petrobras!

O senador também cobrou ações do presidente da República, Michel Temer, e do ministro das Minas e Energia, Moreira Franco.

— Cadê o presidente que não liga para o presidente do Congresso para uma ação conjunta? Cadê o ministro das Minas e Energia. Isso é um desgoverno! — afirmou Cássio.

Demissão

Por sua vez, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) fez uma correlação entre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os dois anos de governo Temer. A senadora a votação, na próxima terça-feira (29), de propostas que signifiquem solução imediata para a crise.

— Se não houver propostas que dialoguem com a sociedade, vamos compreender porque a população não quer mais Congresso Nacional. O por quê de a população nos achar dispensáveis. Temos de votar aqui propostas de fim dos reajustes diários dos combustíveis, de limitação dos juros bancários e dos cartões de crédito, de demissão dessa diretoria da Petrobrás.

Subsídio

O senador Dário Berger (MDB-SC), que presidia a sessão até aquele momento, ponderou que é possível aprovar uma proposta de um subsídio para manter o preço dos combustíveis mais baixo, pelo menos até o final deste ano, já que em janeiro assumirá um novo presidente.

— Ao invés de o governo ficar discutindo carga tributária e pequenos detalhes com os caminhoneiros, estabeleça logo um subsídio, que no meu ver seria atitude mais rápida e razoável — sugeriu Dário Berger.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)