Economia uruguaia tem condições de resistir à instabilidade na Argentina, afirma sabatinado

Da Redação | 24/05/2018, 15h58

Uma das diretrizes do governo uruguaio nos últimos anos tem sido priorizar o acúmulo de reservas cambiais, que hoje já equivalem a quase um terço do PIB do país. A informação foi passada pelo diplomata Antonio Simões durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) nesta quinta-feira (24), quando teve seu nome aprovado para a chefia da embaixada brasileira em Montevideu, capital da nação platina.

Este colchão de reservas, da ordem de U$ 18 bilhões, deve impedir que o Uruguai seja fortemente afetado pela instabilidade econômica por que vem passando a Argentina, aprofundou Simões. A estrategia uruguaia foi incrementada a partir de 2001 junto com outras diretrizes macroeconômicas, como a diversificação da pauta exportadora e investimentos em infraestrutura. Naquele ano, o Uruguai tinha sido abalado pela falência do modelo de conversibilidade do peso argentino com o dólar, explicou o diplomata.

— Naquela época a economia uruguaia era muito dependente de investimentos de capital argentino. Além disso, as reservas cambiais do país giravam em torno de U$ 1 bilhão apenas. Hoje são de U$ 18 bilhões, e isso pode soar como sendo pouco para um brasileiro, mas equivale a cerca de 30% do PIB deles (de U$ 60 bilhões). E os laços com outros países, como China e Brasil, se tornaram mais robustos, além de eles terem modernizado a indústria de turismo e outras — detalhou o embaixador.

Caso tenha sua indicação confirmada em plenário pelo Senado, Simões disse que dará continuidade em Montevideu "a tratar o Uruguai como uma das prioridades da nossa agenda externa". Ressaltou que o Brasil é o segundo maior exportador de produtos para a nação vizinha, atrás apenas da China, mas que se nesta conta forem incluídos os combustíveis, "passamos à primeira colocação".

Outras prioridades anunciadas por Simões são aumentar o intercâmbio na área da agricultura e melhorar o atendimento às populações que vivem nas zonas fronteiriças. Por fim, o diplomata reforçou que o Brasil se beneficia ao aprofundar seus vínculos com o Uruguai, pois a economia do país vizinho cresce há 15 anos ininterruptamente, tem 60% de sua população na classe média e possui o 3º melhor índice de desenvolvimento humano e de renda per capta da América Latina.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)