Senado presta homenagem às tradições gaúchas

Sergio Vieira | 23/04/2018, 16h11

O estudo e o aprofundamento da compreensão sobre a cultura de determinada sociedade podem servir como uma das bases de seu modelo educacional e levar a uma economia mais inclusiva, disse a senadora Ana Amélia (PP-RS) na sessão especial no Senado que homenageou, nesta segunda-feira (23), os grupos voltados à preservação e à divulgação das tradições gaúchas.

Foram homenageados especialmente os Centros de Tradição Gaúcha (CTGs), por seus 70 anos; a Comissão Gaúcha do Folclore, também com 70 ano; o Partenon Literário, com 150 anos de fundação; e a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, que tem 80 anos. Autora do requerimento para a homenagem, ao lado dos senadores Lasier Martins (PSD-RS) e Paulo Paim (PT-RS), Ana Amélia lembrou que os CTGs, devido à "diáspora de bombachas", têm nas últimas décadas enriquecido a cultura de todo o Brasil com a força das tradições gauchescas.

— A presença dos gaúchos Brasil afora é enorme, contribuindo especialmente no desenvolvimento da agricultura em diversas localidades. Não há nenhum estado neste país em que não exista ao menos um CTG, graças à diáspora de bombachas — disse a senadora, acrescentando que o "espírito gaúcho" já se faz sentir mundialmente, pois já teve a oportunidade de visitar CTGs até na China, na Russia e nos EUA.

Novas gerações

O papel destes movimentos culturais na transmissão de valores aos mais jovens também foi enfatizado por Nairioli Callegalo, do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Especialmente no mundo de hoje, pois as novas gerações, graças ao grande desenvolvimento das tecnologias da informação, podem desgarrar-se de sua própria cultura.

— Não devemos nos comportar como um clube associativo. Temos que nos propor à transformação social, a sociedade brasileira clama por isso hoje. E nós não podemos ficar para trás, temos que nos inserir nestes tempos de mudança e sermos percebidos como uma cultura viva, pulsante pelos mais jovens — afirmou Callegaro, lembrando que os primeiros CTGs foram abertos por jovens gaúchos na década de 1940, que souberam conciliar a tradição com a modernidade.

O senador Paulo Paim declamou um poema seu em homenagem às tradições gaúchas e lembrou que o povo gaúcho, "onde quer que se encontre, sempre leva um pedaço do Rio Grande com ele, é umbilicalmente ligado a suas terras, seus valores".

Para a Gleicimary Borges, que exerce o cargo de patroa do CTG, o movimento tradicionalista gaúcho adquiriu uma dimensão tão expressiva que tornou-se "a maior manifestação sócio-cívica-cultural de um povo em todo o mundo". Ela também entende que a modernidade impõe novos desafios, por isso os galpões dos CTGs devem estar "sempre e totalmente abertos, como templos da cultura gaúcha voltados para todas as famílias".

Falando pelo Partenon Literário, a escritora Dinara da Paixão lembrou que a instituição já participava de campanhas anti-racistas, por direitos feministas e por uma maior inclusão educacional ainda no século 19, pautas que permanecem atuais.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)