Comissão aprova indicada para diretoria do BC

Da Redação | 17/04/2018, 15h01

Por unanimidade, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (17) o nome de Carolina de Assis Barros, servidora de carreira do Banco Central (BC), para ocupar o cargo de diretora de Administração da autarquia.

Se a indicação, feita pelo Poder Executivo, for confirmada em Plenário, para onde seguiu com urgência, ela será a primeira mulher a integrar a diretoria do BC desde 2010.

Durante a sabatina, Carolina respondeu a diversas questões formuladas pelos senadores. Em resposta a Garibaldi Alves (PMDB-RN), que perguntou a opinião da sabatinada sobre a autonomia do Banco Central, Carolina Barros respondeu:

— Nós defendemos levar para uma lei o que hoje existe em um decreto. Nós temos autonomia de fato. Falta-nos autonomia de direito. A autonomia que dispomos hoje é basicamente para fazer o manejo da Taxa Selic de forma a alcançar a meta definida pelo Copom [Comitê de Politica Monetária]. Nós entendemos que nosso mandato fundamental tem que ser a estabilidade de preços porque sem estabilidade de preços não vamos conseguir gerar empego e renda de forma sustentável — argumentou.

Criptomoedas

Indagada pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE) sobre criptomoedas como bitcoin, Carolina Barros fez um alerta sobre possíveis riscos das transações com moedas virtuais.

— O Banco Central tem participado de debates internacionais. A discussão do momento é o que fazer com o bitcoin. Devemos ou não regular? O Banco Central está atento e o que a gente recomenda é ter bastante cuidado porque a compra de bitcoin envolve remessa de dinheiro para o exterior. Não existe anonimato no sistema financeiro. Precisamos tomar cuidado com possíveis irregularidades porque podemos ser responsabilizados por elas — disse.

Spread

A relatora da indicação, senadora Simone Tebet (PMDB-MS), quis saber a opinião da servidora sobre spread bancário — a diferença entre a remuneração paga pelo banco ao aplicador e o quanto a instituição cobra para emprestar o mesmo dinheiro. De acordo com Carolina, o BC está empenhado na queda real das taxas de juros e dos spreads:

— O presidente Ilan [Goldfajn] esteve aqui no Senado e pode explicar que as taxas de juros e os spreads vem caindo. Não estão caindo na velocidade que gostaríamos. Gostaríamos que essas quedas fossem mais facilmente percebidas pelas famílias — sustentou.

Simone também elogiou a indicação de uma mulher para o cargo. A senadora observou que a presença feminina ainda é pequena tanto na iniciativa privada quanto em cargos do alto escalão do governo. Carolina enfatizou que o BC tem ações afirmativas internamente que incentivam a progressão de mulheres a cargos importantes.

A indicada dedicou os últimos 17 anos de vida profissional ao trabalho no Banco Central e na maior parte desse tempo atuou na área da administração. Também foi chefe de gabinete da presidência do BC, função que ocupou cumulativamente com a posição de secretária executiva da instituição. Ela ainda esteve à frente do Departamento de Comunicação do banco nos últimos seis anos.

Urgência

Simone leu o relatório sobre a indicação nesta terça-feira (17), na reunião que precedeu a sabatina. Apesar de o Regimento Interno do Senado determinar o intervalo de cinco dias a partir da leitura do relatório para que o indicado seja sabatinado, o presidente do colegiado, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), explicou que o presidente do BC pediu urgência para a matéria. Segundo Goldfajn, a falta de um membro na diretoria tem dificultado algumas decisões da autarquia. Os senadores concordaram e aprovaram a quebra do intervalo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)