Educação precisa enfrentar violência de gênero, aponta debate

Da Redação | 20/11/2017, 22h39

A educação é um fator-chave para enfrentar a violência contra a mulher. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (20), pela senadora Regina Sousa (PT-PI), durante debate promovido pela Procuradoria Especial da Mulher do Senado e pela seção brasiliense do Fórum de Mulheres do Mercosul (FMM-DF). o evento inaugurou o calendário de atividades com as quais o Congresso se integra à comemoração mundial dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher, que no Brasil são 21, por incorporarem o Dia Nacional da Consciência Negra.

— O machismo e o racismo estão incorporados na educação da gente. Quem milita, ainda se policia diante de suas manifestações. Quem não milita, deixa escapar, como fez o jornalista da Globo, naquele caso de racismo — disse a senadora na abertura do encontro, que teve como tema Homens Parceiros, Sentimentos Verdadeiros: pelo fim da violência contra as mulheres.

Olgamir Ferreira, decana de Extensão da Universidade de Brasília, destacou a importância de o Brasil ter incorporado o Dia Nacional da Consciência Negra aos 16 Dias de Ativismo, pois no país, afirmou, o racismo é determinante nas relações sociais e também na violência. Segundo ela, o Projeto Escola Sem Partido, que tem ganhado espaço no Parlamento, ameaça a desconstrução dos estereótipos de gênero.

Lúcia Bessa, integrante do FMM-DF e da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do Distrito Federal, ressaltou a implantação, em Brasília, de um sistema de segurança para as mulheres que estão em situação de violência e sob medidas protetivas de urgência. Chamado Viva Flor, o mecanismo se assemelha ao “botão do pânico”, adotado em outros estados.

Para Thiago Pierobom, promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a ação combinada da educação, das campanhas pela valorização das mulheres e de políticas de ação afirmativa para garantir a presença das mulheres em todos os espaços sociais beneficiaria não só as mulheres como os próprios homens.

— Os homens também são vítimas de uma masculinidade tóxica, alimentada pelos estereótipos de gênero, que associam a virilidade, a agressividade, à condição masculina. E a delicadeza à condição feminina — disse.

De acordo com o promotor, os homens figuram entre 94% das vítimas de homicídios por armas, são 93% da população carcerária, 75% das vítimas de suicídios e 56% queriam ser mais amigos de seus amigos, mas têm receio de mostrar afeto.

A jornalista Ramíla Moura lembrou a música A Carne, interpretada por Elza Soares. Após cantar o verso “a carne mais barata do mercado é a carne negra”, ela sublinhou a importância da atuação da Procuradoria da Mulher, do Observatório da Mulher contra a Violência, do Comitê pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça e do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, órgãos do Senado.

Coordenadora do FMM-DF, Mara Dall Negro foi responsável por garantir a presença de um grande conjunto de poetas negras e negros, cujas intervenções se intercalaram ao longo das falas, como Jorge Amâncio, José Sóter, Nilva Souza, Paula Passos, Conceição Targino, Agda Camillo e Michelly Lorranny. Filha de Agda, Michelly, 11 anos, falou do orgulho de “ser negra e de cabelo volumoso”.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)