Rede e PSOL apresentam pedido de cassação de Aécio Neves

Da Redação | 18/05/2017, 16h26

Representantes da Rede e do PSOL deram entrada, no início da tarde desta quinta-feira (18), ao pedido de cassação do mandato do senador Aécio Neves (PSDB) no Conselho de Ética do Senado. O pedido é baseado nas gravações feitas pelo dono do frigorífico da JBS, Joesley Batista. No áudio entregue à polícia, o senador teria aparecido pedindo R$ 2 milhões de propina para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.

- As razões para a cassação do mandato são os notórios acontecimentos de que se tem conhecimento desde ontem [quarta-feira, 17] envolvendo o senador entre eles lavagem de dinheiro, corrupção ativa e obstrução à Justiça. Lamentavelmente, nós entendemos que não existe condição alguma mais para que o senador continue exercendo o mandato, tanto é que o Supremo Tribunal Federal, ainda hoje [quinta-feira,18], pediu o afastamento do senador – declarou Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ao entregar o pedido ao Conselho de Ética.

No pedido, os partidos citam as gravações com o pedido feito pelo senador, além de vídeo em que Frederico Pacheco de Medeiros, indicado por Aécio, teria recebido o dinheiro. As notas, de acordo com o pedido protocolado, tinham numeração controlada e tiveram todo o caminho monitorado. O destino final, segundo o documento, foi uma conta de empresa ligada ao  também senador Zeze Perrella (PTB-MG).

De acordo com o texto, o pedido de dinheiro configura crime de corrupção passiva. O depósito do dinheiro em uma empresa que não pertence a Aécio aponta para o crime de lavagem de dinheiro, segundo o pedido. Já a participação de mais de quatro envolvidos no esquema configuraria a existência de uma organização criminosa.

Além da abertura do processo de cassação, o documento também pede cópia integral das provas que estão em poder do Supremo e a oitiva de envolvidos no processo. São eles os irmãos Wesley e Joesley Mendonça Batista, donos da JBS; o diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saub, que teria intermediado a negociação; o senador Zeze Perrella; e o servidor comissionado Mendherson Lima, do gabinete de Perrella, que teria feito o transporte do dinheiro.

Impeachment

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), lembrou que Aécio foi um dos protagonistas do processo de impeachment da presidente Dilma Roussef, em 2016. Na visão do deputado, alguém que é pego pedindo propina para empresários não merece continuar no Congresso Nacional.

- Nós entendemos que esse processo tem que ser rápido e as provas são cabais. Aécio Neves não pode continuar no Congresso Nacional e precisa ser cassado. Nós esperamos a ação do Conselho De Ética do Senado, diante da pressão popular - disse.

Para que o processo possa ser aberto, o conselho ainda precisa ser instalado. Randolfe disse esperar que o presidente do Senado, Eunício Oliveira, cobre dos líderes a indicação dos integrantes a fim de que o colegiado possa ser instalado imediatamente.

Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), os diálogos são estarrecedores e a conduta é incompatível com o mandato de senador. O deputado afirmou que dois partidos querem passar o Congresso a limpo e retirar do mandato todos aqueles que querem fazer negócios em vez de defender o povo brasileiro.

Além da cassação de Aécio, integrantes da Rede e do PSOL defendem o impeachment do presidente Michel Temer e devem dar entrada, às 17 h desta quinta-feira, a um pedido com esse fim. Para Molon, é preciso devolver ao povo o direito de escolher, pelo voto direto, o presidente da República.

- Não aceitamos eleições indiretas. O Congresso está recheado de parlamentares que têm práticas como essas sendo investigados. São suspeitos, não podem escolher o próximo presidente da República. Esse papel cabe única e exclusivamente ao povo brasileiro, por isso, diretas já – declarou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)