Senadores querem viabilizar projeto de parque tecnológico no Distrito Federal

Da Redação | 19/04/2016, 13h32

Tirar do papel o projeto do Parque Tecnológico Capital Digital é o objetivo de senadores que integram a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). Em audiência pública nesta terça-feira (19), eles prometeram promover encontros com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, empresas e órgãos públicos para viabilizar a construção do polo de desenvolvimento tecnológico em Brasília. Mas para isso será necessário costurar um consenso entre os setores interessados.

Inicialmente, o parque — criado por lei em 2002 — seria um espaço exclusivo para empresas do setor de tecnologia da informação, mas, conforme apontou Oskar Kling, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, o governo local pretende apostar na multidisciplinaridade e vê a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como importante âncora de atração de outras empresas e instituições.

As empresas de tecnologia da informação do Distrito Federal não estão concordam com a proposta. Ricardo de Figueiredo Caldas, presidente do Sindicato das Indústrias da Informação do Distrito Federal, defendeu a manutenção da “vocação” original do projeto voltado às empresas de tecnologia da informação e de comunicação. Além disso, os empresários questionam a licitação da área por tempo determinado, como prevê a Terracap, a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, que tem a posse do terreno.

Não queremos dinheiro do governo. Nós, empresários, queremos colocar o nosso dinheiro, construir o parque tecnológico para que as empresas vão para lá, tenham suas sedes — disse Caldas.

Há ainda aqueles que apontam que o parque deve concentrar prioritariamente instituições de pesquisa, cedendo espaço temporariamente para as empresas se desenvolverem. É o que defendeu Jaime Santana, decano de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade de Brasília (UnB).

— Um parque tecnológico deve usar todo o espaço dele para pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Não é lugar para empresa se estabelecer e ficar todo o momento lá. Se os empresários querem lugar com terrenos baratos ou incentivo para montar suas empresas, isso é outro programa de governo — argumentou Santana.

O Parque Tecnológico Capital Digital deve reunir empresas e instituições de pesquisa e tecnologia em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados, entre a Granja do Torto e o Parque Nacional de Brasília. Todos os convidados que participaram da audiência concordaram que é uma oportunidade de alavancar a economia do Distrito Federal e ajudar a capital a enfrentar a crise econômica. A estimativa é que o parque possa gerar 60 mil empregos diretos e indiretos.

— O modelo de desenvolvimento de Brasília, baseado fortemente no serviço público, está se esgotando. É preciso buscar uma alternativa. A coisa óbvia a se fazer é utilizar o conhecimento e a transformação do conhecimento para gerar oportunidades e riqueza — disse Oskar Kling.

O presidente da CCT, senador Lasier Martins (PDT-RS), observou que o Centro-Oeste ainda carece de um parque tecnológico, modelo já em funcionamento em estados como Rio de Janeiro e Pernambuco. Sucessivos governos não conseguiram viabilizar a construção do parque em Brasília. Os senadores Cristovam Buarque (PPS-DF) e Hélio José (PMDB-DF) temem que as divergências atrasem mais o projeto.

— Não podemos deixar morrer essa ideia. Vamos promover reuniões com o governador e todos os setores para tirar o parque do papel — disse Hélio José.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)