Indicação de novo embaixador para a Bolívia começa a ser analisada pela CRE

Da Redação | 12/03/2015, 14h57

A mensagem presidencial contendo a indicação de novo embaixador brasileiro em La Paz, Raymundo Santos Rocha Magno, ainda não tem data para ser colocada em votação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). Nesta quinta-feira (12), a comissão tomou conhecimento da indicação para a Bolívia e também para Angola e Paquistão. Mas problemas nas relações com o país sul-americano devem retardar a aprovação de Rocha Magno.

Na comissão, senadores como Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relator da mensagem, condicionam a aprovação do novo embaixador na Bolívia à explicação das condições em que o senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, abrigado por mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz, fugiu do seu país clandestinamente com o apoio de um diplomata brasileiro.

Desde o episódio, as relações bilaterais ficaram estremecidas. Ferraço afirmou que a interrupção do fornecimento de gás a Cuiabá foi prejudicial ao Brasil e lembrou que a Bolívia acirrou suas críticas ao país acusando-o de danificar o meio ambiente nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio.

A falta de um embaixador na Bolívia é uma situação que, na opinião do senador Jorge Viana (PT-AC), não pode perdurar por muito tempo.

— Temos de encontrar uma maneira para estabelecer um prazo para o pedido de asilo de Molina e apreciar a indicação de um novo embaixador na Bolívia — disse Viana.

Ex-presidente da CRE, Ferraço relembrou o relatório de setembro de 2013, quando o então senador Jarbas Vasconcelos pediu ao Ministério das Relações Exteriores esclarecimentos sobre as circunstâncias que levaram Molina a fugir e pedir asilo ao Brasil. Parte dos pedidos de Jarbas, na opinião de Ferraço, continuam sem resposta satisfatória. Jarbas disse, à época, que não havia motivo para enviar novo embaixador ao país até que as pendências do episódio fossem esclarecidas.

“Enquanto não recebermos as informações solicitadas, enquanto não for resolvido o impasse entre o Brasil e a Bolívia, enquanto soluções humanitárias para Molina não forem encontradas, não existem condições para se indicar um novo embaixador, submetendo o Brasil aos caprichos do presidente Evo Morales”, disse Jarbas à época.

Com isso, a Secretaria-Geral da Mesa deve receber novo pedido da CRE para que o Itamaraty seja chamado a esclarecer o caso de Molina com informações complementares.

Paquistão e Angola

Para o Paquistão e cumulativamente para o Tadjiquistão, a presidente escolheu Cláudio Raja Gabaglia Lins. O relator da mensagem, senador Roberto Requião (PMDB-PR), foi favorável à indicação e apresentou o currículo de Gabaglia Lins. O senador também fez uma rápida explicação sobre a cooperação mútua entre Brasil e Paquistão, como oferta de bolsas de doutorado para 60 alunos paquistaneses.

Já para a representação brasileira em Angola foi indicado o embaixador Norton de Andrade Melo Rapesta, que deve passar em breve por sabatina na comissão. Atualmente, ele está em missão na Finlândia. A mensagem de Dilma foi lida pelo senador Jorge Viana, que o classificou de "um grande profissional do Itamaraty" e, como relator, foi favorável à escolha. Da mesma forma, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que Rapesta tem grande competência para comandar a embaixada.

As sabatinas devem ser marcadas após os senadores tomarem conhecimento dos relatórios de Requião e Viana.

Peru

A CRE também proporá ao Senado que instale um grupo Brasil-Peru, de parlamentares que desejam aumentar a cooperação com o Legislativo do país vizinho. Ao idealizar o grupo, Ferraço lembrou que já existe no Parlamento do Peru um análogo desde 2002, a Liga Parlamentar de Amizade Peruano-Brasileira.

A cooperação entre os dois países tem obtido bons resultados, como a ponte sobre o Rio Acre e o lançamento da construção da Rodovia Interoceânica e da Estrada Arapoo-Yurimaguas. Além disso, destaca-se a importância da integração energética no âmbito desta cooperação bilateral, que inclui quinze projetos para a construção de hidrelétricas no Peru, com potencial de exportação de energia para o Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)